A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelecia o voto impresso foi derrotada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (10). Contudo, recebeu expressiva votação na bancada gaúcha. De 31 deputados, 20 se manifestaram favoráveis à emenda, defendida com unhas e dentes pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
Outros sete votaram contra e quatro não estavam presentes. Veja aqui a lista completa.
Mas por que, afinal, a bancada gaúcha votou em peso em favor da medida?
A coluna conversou com alguns parlamentares para entender o fenômeno. E a explicação, para além das convicções pessoais, está na eleição de 2022 e na repercussão junto às bases eleitorais.
Como se sabe, o Rio Grande do Sul é um dos Estados onde o bolsonarismo está mais presente, assim como Santa Catarina. Nesta perspectiva, os temas defendidos por Jair Bolsonaro são fortemente captados pelo eleitor, que pressiona seus parlamentares a seguirem o chefe do Executivo. Assim, mesmo que o tema possa parecer duvidoso à primeira vista, ir contra o presidente seria dar um tiro no pé sob o ponto de vista eleitoral:
— Para o nosso eleitor, ir contra o Bolsonaro é alimentar o (ex-presidente) Lula. Se eu faço isso, estou jogando contra o meu time. A base é essencialmente bolsonarista — explicou um parlamentar que não quis se identificar e que votou a favor do voto impresso.
Não à toa foram 20 votos favoráveis à PEC, até mesmo de parlamentares que acabaram por contraria a orientação dos próprios partidos. No caso mais emblemático, o deputado Marcel Van Hattem definiu sua posição pelo voto impresso, justificou sua decisão e recebeu ataques do fundador do Novo, João Amoêdo, que chegou a sugerir que ele procurasse outra legenda para se filiar.
A se considerar que a maioria dos deputados é candidato à reeleição em 22, cada passo importa diante de um eleitorado extremamente conectado com o presidente.