Eleito o vereador mais votado de Caxias do Sul no ano passado, Mauricio Marcon decidiu não recorrer da punição aplicada pelo partido Novo contra ele. Em episódio recente, a cúpula da legenda decidiu expulsá-lo do após ter criticado, em uma transmissão ao vivo em rede social, o processo seletivo para escolha do candidato que vai representar a legenda nas eleições presidenciais em 2022.
Assim, segundo as regras, o partido deverá formalizar sua saída nas próximas semanas.
À coluna, Marcon expressou seu descontentamento com o partido pelo qual foi eleito que, como se sabe, não é exclusividade do gaúcho de Caxias do Sul.
Em embates recentes, uma ala do Novo tem se mostrado incomodada com as decisões geradas a partir da cúpula do partido e de seu fundador, João Amoêdo. A visão é que Amoêdo estaria impondo posicionamentos sem considerar a opinião de deputados federais e de outros filiados, em especial posturas que sejam contrárias ao presidente Jair Bolsonaro.
"Era uma vez um partido que se dizia novo, se chamava de NOVO, pregava novidades, mas que, infelizmente, ficou velho rapidamente", afirmou Marcon em seu texto de despedida publicado em sua página nas redes sociais.
Nos bastidores, há quem identifique digitais claras do ex-candidato à presidência João Amoêdo no processo de apoio ao impeachment de Bolsonaro, tema que dividiu integrantes do partido. Em outro embate, a discussão sobre o voto impresso, Amoêdo chegou a sugerir que Marcel Van Hattem, deputado federal gaúcho mais votado na última eleição, procurasse outra legenda para se filiar para 2022.
Marcon fez críticas a essa postura.
"Isso começou com a mudança radical de comportamento de João Amoêdo após as eleições de 2018. Adotou a infantil postura de crítico de plantão nas redes sociais. Passou a apoiar excessos institucionais como o “Inquérito das Fake News”, aparentemente só por ser contra aqueles aos quais ele torce o nariz. Menosprezou os mandatários do partido publicamente por diversas vezes, inclusive menosprezando a candidatura do próprio NOVO à Presidência da Câmara. Mudou o seu posicionamento quanto ao voto impresso somente por ser uma pauta defendida pelo Presidente. E ainda rotulou aqueles que não concordavam 100% com ele, principalmente dentro do próprio NOVO, de “bolsonaristas”", destacou.
Marcon também disparou contra o fato de o partido, que se classifica como uma legenda liberal, tentar impor posturas definidas pelo comando aos demais filiados. Ele classificou a conduta como "imposta de cima para baixo aos mandatários".
"Perdermos nossa coerência e vimos nossos valores e princípios sucumbirem perante as vontades daquele que sempre defendemos não ser o “dono do partido”, João Amoêdo: um dos fundadores do partido e sua principal figura, mas também o grande “afundador” dele. Saio de cabeça erguida", concluiu.