A crise no partido Novo segue produzindo novos episódios. Desta vez, além de Marcel Van Hattem, outro gaúcho entrou na mira do comando da legenda. Trata-se do vereador Mauricio Marcon, de Caxias do Sul. Na última semana, a cúpula do Novo decidiu expulsá-lo do partido.
Conforme revelou a repórter Lizie Antonello, a expulsão de Marcon decorre de um processo administrativo disciplinar aberto pelo diretório estadual, em 11 de junho deste ano, depois de o vereador ter criticado, em uma transmissão ao vivo em rede social, o processo seletivo para escolha do candidato que vai representar a legenda nas eleições presidenciais em 2022.
Para o vereador, o processo foi "falso" porque buscava apenas referendar o nome de João Amoêdo, segundo ele, em detrimento de outros possíveis candidatos que pudessem ser avaliados. Significa dizer, de acordo com a avaliação de Marcon, que não havia interesse do comando do Novo em permitir que outros personagens disputassem com Amoêdo a vaga de "presidenciável".
Naquela transmissão, o vereador chegou a explicar que o partido abriu seleção para definir pré-candidatos, que dois se inscreveram, mas apenas uma candidatura foi aceita.
— Não tem nenhum cabimento. Um partido liberal expulsar uma pessoa porque esta pessoa expressou sua própria opinião. Se fosse em Cuba ou na Coreia do Norte, faria sentido. Agora dentro do partido Novo é inacreditável — reforçou Marcon à coluna, em tom já adotado durante outra transmissão em live feita por ele no Instagram, no último final de semana.
Internamente, o descontentamento com Amoêdo, um dos fundadores do partido Novo, não é de hoje. A coluna ouviu diferentes personagens sobre o tema.
Há quem identifique digitais claras do ex-candidato à presidência no processo de apoio ao impeachment de Bolsonaro, tema que dividiu integrantes do partido. O deputado federal mais votado do Rio Grande do Sul, Marcel van Hattem, foi um dos que afirmou à coluna sua insatisfação com o posicionamento e chegou a dizer que a bancada federal não foi ouvida quanto à decisão final.
A discussão sobre o voto impresso também fez esquentar ainda mais o clima já belicoso entre os integrantes. Na ocasião, João Amoêdo sugeriu que Van Hattem e outros deputados que tivessem votado a favor do tema procurassem outra legenda para concorrer em 2022, deixando assim o partido.
"Hoje, mais uma vez, assistiremos deputados que foram eleitos pelo NOVO, por fazerem parte de uma instituição, se posicionando contra o que defende a instituição. Foi assim quando se colocaram contra o impeachment, quando se colocaram contra uma pré-candidatura à Presidência da República e agora novamente quando defendem o voto impresso. Cabe ao partido, em 2022, selecionar pessoas que compartilhem da visão de longo prazo do NOVO e aos mandatários, alinhados ao governo Bolsonaro, procurar uma legenda que os represente", escreveu Amoêdo.
Por fim, a coluna ouviu de outros filiados o descontentamento sobre o comportamento de João Amoêdo durante participação em live promovida pelo MBL (Movimento Brasil Livre). Durante a conversa, um dos presentes chega a usar um palavrão para se referir a integrantes do partido Novo, sem que houvesse uma reação por parte de Amoêdo ou mesmo um pedido de respeito.
Ao que tudo indica, as divergências estão longe de terminar.