A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) defendeu nesta quarta-feira (30) o presidente Jair Bolsonaro após a revelação de novas suspeitas envolvendo a compra de vacinas durante a pandemia de coronavírus. Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, um empresário relatou ter recebido de Roberto Ferreira Dias (Ministério da Saúde) um pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina contra a covid em troca da assinatura de um contrato para venda dos imunizantes.
Dias foi exonerado na noite desta terça-feira (29). A exoneração está publicada no Diário Oficial da União desta quarta e é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.
Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Zambelli fez questão de ressaltar que, na sua visão, o presidente da República não tem como ter conhecimento sobre todos os fatos que envolvem o governo federal. E que a suspeita, até agora, recai sobre um servidor do Ministério da Saúde.
— É impossível numa hierarquia o comandante supremo saber exatamente tudo. Podem acontecer irregularidades? Podem. Agora, existe uma grande diferença entre dizer: "o presidente pediu propina". Porque se foi o presidente que pediu propina, eu já falei ontem para a Folha: 'no dia que o presidente roubar, eu vou abandonar ele' — avaliou.
Na entrevista, a deputada então foi questionada sobre a semelhança desta visão com o comportamento do ex-presidente Lula, que após o escândalo do mensalão, também declarou não saber sobre a existência do esquema. Para Zambelli, a comparação não faz sentido já que, segundo ela, o episódio envolvia uma série de parlamentares (e milhões de reais) e o caso atual uma única suspeita.
— Na época do mensalão, centenas de deputados recebiam mensalão que eram feitos, distribuídos e pagos diretamente das pessoas do primeiro escalão do governo para os deputados e feitas também pelos presidentes de estatais. Então, estamos falando de centenas de pessoas envolvidas (mensalão) e milhões de reais envolvidos. A proporção é completamente diferente. Estamos falando de uma pessoa em terceiro ou quarto escalão (caso das vacinas). De uma pessoa pedindo propina sobre uma operação — completou.
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