Ainda que tenha sido desastroso o depoimento do ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, ontem, à CPI da Covid-19, o governo mantém um cálculo político de que poderá sair vivo e com chances reais para disputar a reeleição de Jair Bolsonaro em 2022.
Tal cálculo considera que o desgaste produzido pela CPI — ainda que real — não terá como se sustentar quente até outubro do próximo ano, considerando que estamos distantes ainda dezessete meses do próximo pleito.
Em política, como se sabe, um ano somente já seria tempo suficiente para mexer com elementos importantes — ou fazer esquecer outros.
Basta imaginar que até bem pouco tempo Moro era figura central do governo Bolsonaro, personagem da luta anti-corrupção e festejado como herói do bolsonarismo. Lula, por sua vez, permanecia condenado e sem possibilidade de candidatura. Hoje, conforme apontou o Datafolha, é o ex-presidente petista quem lidera a última pesquisa de intenção de votos à Presidência. Moro, por sua vez, foi derrotado no STF.
Daí a aposta de governistas e aliados de que não mal que dure para sempre e, portanto, efeitos negativos e desgastes produzidos pela CPI possam ser apagados caso a vacinação avance (agora que o Brasil já comprou vacinas) e programas econômicos possam deslanchar.
Significa dizer que isto ocorrerá? Não necessariamente. Mas que os governistas apostam no esquecimento dos brasileiros (com um ingrediente apimentado de esforço para descredibilizar o responsável por produzir o relatório final da CPI, Renan Calheiros).
Falta, é verdade, combinar com o Brasil.