A bancada negra da Câmara de Vereadores de Porto Alegre registrou, nesta sexta-feira (23) boletim de ocorrência contra os organizadores da manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, realizada na quarta-feira (21),
No ato, um homem usou roupas parecidas com as usadas pela Ku Klux Klan. O manifestante vestia uma espécie de túnica e máscara pontiaguda com furos na região dos olhos, na cor marrom. A semelhança do formato da roupa com as vestes usadas pelo movimento supremacista branco e de extrema direita dos Estados Unidos, que carrega os trajes na cor branca, virou alvo de comentários nas redes sociais.
Em vídeo que circula na internet, um dos manifestantes se refere ao homem fantasiado como “carrasco”. Em seguida, o indivíduo grita palavras de ordem para as pessoas presentes no ato:
— O que nós viemos fazer aqui hoje, gente? Viemos acabar com o comunismo. Hoje, é o fim do comunismo. Alguém quer o comunismo aqui ainda? Querem o comunismo? Fim do comunismo.
A queixa, assinada pelas vereadoras Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB), Karen Santos (PSOL), Reginete Bispo (PT) e o vereador Matheus Gomes (PSOL), busca responsabilizar os organizadores do ato, e os envolvidos na encenação em que um boneco vestido de preto foi enforcado.
— Não podemos dissociar este evento de como a extrema-direita tem se colocado no país e no mundo hoje. Estão na contramão de construções democráticas, pautadas na diversidade e na valorização do povo e da cultura negra. É dever antirracista levar este e outros casos à Justiça — diz a vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB).
Investigação da Polícia Civil
A Polícia Civil pretende ouvir nos próximos dias organizadores do protesto. A Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância abriu, nesta sexta-feira (23), inquérito para investigar o caso. Nesse primeiro momento da investigação, a apuração analisa se o fato se enquadra na lei que define os crimes no âmbito de preconceito de raça ou de cor ou na que trata sobre crimes contra a segurança nacional, segundo a delegada Andrea Mattos.