Não bastasse o caos sanitário e a trágica marca superada de 250 mil mortes pela covid-19, o Brasil ostenta um presidente da República que despreza o vírus e relativiza os reflexos da pandemia no sistema de saúde brasileiro. Nas últimas semanas, diversos foram os Estados que se viram com UTIs lotadas e pacientes morrendo à espera de leitos.
Em Porto Alegre, mais de 150 pessoas aguardam por uma vaga em Unidade de Terapia Intensiva nesta terça-feira (2).
O chefe da Nação, contudo, segue andando por aí sem máscara e espraguejando contra governadores que anunciam novas medidas para frear a circulação de pessoas, na intenção de diminuir o contágio pelo coronavírus. Não contente, chegou a ameaçar governadores dizendo que a União não sustentaria o benefício do auxílio emergencial para unidades em que o isolamento fosse adotado como regra.
Diante dos números e cenas agonizantes, o que explica, então, a postura de Jair Bolsonaro? Uma palavra: reeleição. O presidente sabe que a economia é fator preponderante para alçá-lo novamente ao Palácio do Planalto em 2022. E se o isolamento persistir não serão poucos os brasileiros afetados por conta dos reflexos econômicos.
A culpa cairia no colo dele mesmo, Jair Bolsonaro.
Queda no emprego, o fechamento de negócios, faturamentos despencando. Nada disso é exclusividade do Brasil. Mas o presidente prefer negar a realidade em vez de enfrentá-la.
Neste sentido, Bolsonaro, inclusive, já elegeu culpados pela desaceleração da economia. Colocou o distanciamento social na conta dos governadores, para quem voltou artilharia pesada, em especial nos últimos dias. Eduardo Leite conduziu a reação mais dura, até aqui, dizendo que o presidente, ao negar medidas sanitárias (isolamento e uso de máscara) está "matando brasileiros".
Mas e se olharmos a crise sob ponto de vista econômico? Primeiro, é preciso reconhecer. O isolamento, fundamental para salvar vidas, produzirá efeitos drásticos à economia. E todos os países sabem disso. Então, qual a saída do ponto de vista de recuperação do setor produtivo, indústria e comércio? O próprio ministro da Economia foi quem deu a receita: vacina.
— Precisamos de vacina e vamos fazer a vacinação para a retomada do crescimento — disse Guedes em dezembro.
A prescrição de Paulo Guedes está aí. A se considerar a lentidão para a compra de doses da vacina, o presidente preferiu não acreditar no diagnóstico do doutor.