Nunca tive problema em admitir que estava errada. Reconhecer o erro é um processo interessante, a gente percebe fragilidades, enxerga um pouco mais de si próprio e parte em busca de um novo começo. Não quer dizer que eu consiga dar o passo na direção de me perdoar. Admitir um erro é parte importante do processo. Mas fazer a mente entender que está tudo bem em falhar ainda é tarefa difícil, no meu caso.
O nariz de cera acima busca introduzir uma falha que demorei tempos para admitir. Julguei o jornalista que apresentarei a seguir a partir de um episódio que ainda hoje me causa revolta, quando um homem diz a uma mulher que ela deve voltar para a cozinha. No episódio referido, tratava-se de uma amiga competente, batalhadora e extremamente reconhecida em sua carreira enquanto jornalista esportiva (que agora, na pandemia, está mais maravilhosa do que nunca empenhada em promover mulheres empreendedoras). Lembro de ter entrado no estúdio, na ocasião, e a abraçado forte, num gesto que sempre deveria ser nosso compromisso: proteger, antes de tudo, a vítima.
Para uma feminista como eu, é inadmissível compactuar com qualquer atitude que menospreze uma mulher. Enquanto comportamento, absolutamente reprovável. Enquanto piada, é péssima e não tem a menor graça. Portanto, senhor jornalista, admitir meu equívoco em julgá-lo não significa que compactuei com o episódio, tá OK?
Ocorre que por insistência de um amigo, também colunista de GaúchaZH - o jornalista Luciano Potter - parei para rever minha ojeriza a este senhor chamado Eduardo Bueno. E hoje, posso dizer com consciência e reflexão: eu estava errada. O senhor Eduardo é jornalista, gremista, faz piadas ruins, mas pasmem, senhoras e senhores, não é machista. Pelo contrário, defende (a seu modo) a relevância do debate sobre gênero, a necessidade de combate à homofobia, é entusiasta como poucos do investimento em educação e, embora não pareça, é humilde a ponto de sempre encerrar seus vídeos (no maravilhoso Buenas Ideias) sugerindo que você também procure formular a sua verdade a respeito da história do Brasil (e do mundo).
Por isso, senhor Eduardo Bueno, peço desculpas. Eu errei. Você é um cara legal e muito necessário em nosso país. Em tempo: estou preparada para ser bastante xingada por dizer isso. Faz parte.
E sugiro a você, caro leitor e cara leitora, busque o novo livro do Peninha. Eu o adquiri hoje de manhã, feriado de Independência, pelo site (www.editorapiu.com.br). São 200 verbetes bem-humorados que contam, como num formato de dicionário, a história da Independência do Brasil. Que, aliás, muito bem lembrado por ele, foi assinada e arquitetada por uma mulher.