O gado não sabe, mas o Brasil registrou 674 mortes por coronavírus na últimas 24 horas. E com isso, passa de 16 mil o número de óbitos causados pela doença. O rebanho tem outros motivos para se preocupar e também não estão na primeira ordem a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, menos ainda a nomeação de indicados pelo mensaleiro Valdemar da Costa Neto para um fundo bilionário da educação. O gado está apreensivo porque o clima não lhe está favorável nos últimos meses e algo precisa ser feito para ajudá-lo.
O gado está certo quando se sente castigado pelos efeitos de algo que não pode controlar. É um período difícil para ele e para todos os profissionais que atuam no campo no Rio Grande do Sul. Ouvir o relato de produtores que registraram perdas expressivas por conta da estiagem é triste, mas necessário para que se possa cobrar um auxílio mais efetivo por parte das autoridades.
Contou a colunista Gisele Loeblein, em GaúchaZH, em março que a seca também cobraria seu preço da pecuária de corte no Estado. Embora ainda não seja possível precisar o tamanho desse impacto – o ciclo da atividade é mais longo do que o da produção de grãos –, é consenso a ocorrência de reflexos sobre a produção de carne, já que a falta de chuva restou em pastos ressequidos em regiões tradicionais na pecuária, como a Central e a Campanha.
Aqui cabe uma ressalva positiva à atenção dedicada pelo Ministério da Agricultura, que tem se mostrado sensível e disposto a buscar o auxílio solicitado pelo Rio Grande do Sul. A crise gerada pela Covid-19, contudo, exige ainda mais preocupação por parte do Poder Executivo. Em especial para o produtor da agricultura familiar, que luta para sobreviver em tempos de seca e de pandemia. O veto à inclusão de produtores familiares na lista dos que podem receber auxílio de R$ 600 do governo federal é o capítulo mais recente de um drama, também observado pela colunista de GaúchaZH.
A coluna procurou a ministra Tereza Cristina na manhã desta terça-feira (19), nome reconhecido e saudado pelo setor, e que vem monitorando a situação no Estado com lupa, desde os primeiros efeitos da estiagem. Até a publicação deste texto, não houve resposta. O cenário, como se pode ver, não é promissor. Por isso, mais do que nunca será necessário esforço da ministra e dos outros integrantes da pasta na busca por medidas de socorro.