O ex-presidente da República e hoje senador pelo Estado de Alagoas, Fernando Collor de Mello, concedeu entrevista exclusiva ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha na manhã desta quinta-feira (6). Na conversa, Collor apontou o que considera um erro do presidente Jair Bolsonaro: a falta de articulação política com o Congresso. Para ele, dentro de um regime democrático e enquanto líder político, o presidente deveria "fazer política".
— Falha muito na articulação política. É preciso melhorar isso o quanto antes. Não há nenhum presidente que consiga levar o seu mandato sem construir uma base sólida no Congresso Nacional — avaliou, lembrando-se também do período em que esteve à frente do Palácio do Planalto.
Questionado sobre o motivo de seu afastamento, o ex-presidente justifica que foi justamente pela falta de articulação política. Ele acredita que seu relacionamento com o Congresso era equivocado.
— Já são 40 anos de mandatos políticos, com a Presidência como principal. Fui o mais jovem, naturalmente carregado de ideais. Cometi um equívoco primordial que foi não dar atenção devida ao Congresso. Eu que já fui congressista e sabia de sua importância. No momento que não dei atenção à base, pediram meu afastamento — justifica.
Collor também disse que procurou a ex-presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo em 2016, tentou transferir sua experiência, mas de acordo com o senador, ela não ouviu.
— Levava minha experiência e levava o que poderia acontecer com ela. O mesmo que faço com o atual presidente. É preciso que nós saibamos que é um instrumento que não é jurídico. O impeachment é politico. Não adianta levar prova e argumento de defesa, porque lá é uma arena política e politicamente que isso é decidido — relatou.
Por fim, questionado sobre se havia sido afastado por "roubar", ele disse que foi foi vítima de uma armação.
— Em absoluto. Fui vítima de uma armação. O STF me declarou inocente.