Aos 49 anos, a ex-senadora Claudia López fez história neste domingo (27) ao vencer a eleição municipal em Bogotá. Pela primeira vez, uma mulher estará à frente da prefeitura da capital da Colômbia. O cargo é considerado pela imprensa colombiana como o segundo mais importante do país, atrás somente do presidente da República.
Mas não foi somente por esta conquista que Claudia chamou a atenção nas redes sociais. Desde o domingo (27), um vídeo que mostra a comemoração dela em seu comitê de apoiadores foi distribuído em perfis de diferentes países (incluindo o Brasil), estampou reportagens em diversos portais de notícia e lhe rendeu uma série de mensagens de apoio, especialmente entre integrantes da comunidade LGBT. É que nova prefeita é casada com a senadora Angélica Lozano e as duas expressaram com um beijo a celebração da vitória de Claudia nas urnas. Não houve censura capaz de impedir, ali, um gesto natural de amor.
De fato, Claudia será a primeira mulher assumidamente lésbica a tomar posse do cargo de prefeita de Bogotá. Mas não é sobre isso que queremos falar. É preciso registrar a naturalização, inclusive como forma eficaz — ainda que não intencional — de reduzir o preconceito contra à população LGBT. Em vez de revisar cartilhas supostamente ideologizadas ou proibir livros e histórias em quadrinhos, faria bem uma reflexão sobre o respeito às liberdades individuais e as especificidades de cada um de nós. Aliás, nada melhor do que um beijo, enquanto gesto genuíno de amor, para simbolizar esta representatividade.
E não se trata aqui de um movimento para causar ou lacrar, como costumam dizer os mais conectados (o que aliás, é legítimo). O beijo na pessoa amada, tão romantizado nas histórias infantis a ponto de despertar uma jovem de um sono profundo, tão somente traduziu ternura, companheirismo e felicidade entre dois seres apaixonados e que juntos enfrentaram as adversidades de uma campanha eleitoral. Um gesto que, por acaso, foi protagonizado por duas pessoas do mesmo gênero. E, afinal de contas, por que isso deveria importar?
A coluna ouviu diferentes pontos de vista sobre a importância da cena, aí sim, enquanto avanço do respeito à diversidade. Entre elas, uma percepção em comum. Quanto mais naturalizado for o beijo entre pessoas do mesmo gênero, menos preconceito teremos. E, com isso, menos violência. E se o beijo vier por parte de alguém que ocupa um cargo com visibilidade e importância, a tendência é que isso ajude muito nesta naturalização. É por isso que torcemos. Para que o amor e o respeito vençam. Sempre. De forma natural.