O ministro da Educação, Abraham Weintraub, teceu duras críticas a seus antecessores na pasta, em governos comandados pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Ele participou do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (10) e também falou sobre a homenagem feita pelo MEC a Juliano Mantovani, o professor de Educação Física que desarmou o agressor durante ataque a uma escola de Charqueadas.
Ao defender um modelo que concentre investimentos na educação básica, o titular do MEC afirmou que gestões anteriores promoveram um "malfeito", nos últimos 20 ou 30 anos. Segundo ele, os desvios foram responsáveis pelos números ruins da educação no Brasil.
— Tem muita gente que ficou rica, tem muita gente que se locupletou, muita gente que fez coisa errada, e o resultado está aí. E a educação recebe muito dinheiro. São 7% do PIB, não é pouco coisa, não. São verbas bilionárias — afirmou.
Abraham citou o trabalho do ministro da Justiça e ex-juiz federal, Sergio Moro, para reforçar a tese de que milhões foram desviados na área da educação e não somente na Petrobras.
— Moro acabou de enjaular umas três dezenas de bandidos, acabou de mandar para a cadeia, para o xilindró. Houve roubo, sim. E não foi pouco. Só nessa tarrafada que ele pegou, essa tigrada roubou R$ 500 milhões, numa tarrafada que ele jogou no rio. Óbvio que teve muito roubo. Você acha que o pessoal só roubou na Petrobras? Quem faz coisa errada, foi no começo, no meio e no fim — concluiu.
A respeito da mudança no foco do Ministério da Educação — direcionando maior atenção à educação básica — que defende o governo Bolsonaro, o ministro citou exemplo de outros países desenvolvidos que promoveram esse tipo de modificação: Coreia do Sul, Chile e nações da Europa. Como dado, Weintraub citou que um professor de ensino básico ganha, em média, R$ 2,1 mil por mês, enquanto um professor universitário recebe, em média, de R$ 15 mil a 20 mil por mês (segundo ele, por oito horas semanais).
O ministro ressaltou, no entanto, que não é possível "simplesmente" dispensar professores do Ensino Superior público e que, portanto, as mudanças terão que ser feitas aos poucos.
— Somos um governo que segue as leis e respeita os contratos e não dá para tirar (direitos) de ninguém porque as pessoas foram contratadas dentro dessa regra. Então, a gente tem que fazer as mudanças sempre na margem. E é isso que frustra (a população) gradualmente. Mas veja, só de mexer um pouquinho o pessoal já espana. Se vê aí da UNE (em alusão às novas regras para carteira estudantil) — provocou o ministro.
Homenagem a professor que desarmou agressor em Charqueadas
O ministro da Educação também falou sobre a homenagem ao professor Juliano Mantovani, que desarmou agressor de ataque a escola de Charqueadas, em agosto. Weintraub classificou a ação do educador como "ato de heroísmo".
— (O adolescente) Era um marmanjo de 17 anos com uma machadinho, cinco coquetéis molotov. Ele foi para cima de criança pequena, foi pra cima de professora. Ele é um adulto. Só que legalmente, está amparado (pela lei). Ele ia matar umas 30 criancinhas naquela escola, machadinha em punho, e o professor Juliano Mantovani pulou na frente, colocou o corpo e a integridade física dele para salvar os alunos e as crianças. E, para mim, isso é um ato de heroísmo.