Após ficar menos menos de 24 horas no ar, a mostra de desenhos de humor que estava sendo exibida na Câmara de Vereadores de Porto Alegre foi cancelada por determinação da presidente da casa, vereadora Mônica Leal (PP). A exposição tinha como tema a Independência e, entre as obras, estavam ilustrações críticas ao governo federal, com destaque para uma charge que mostra o presidente Jair Bolsonaro lambendo os sapatos do colega norte-americano Donald Trump enquanto entrega o Brasil em uma bandeja, sendo essa a peça que motivou o cancelamento da mostra .
A coluna conversou com a vereadora Mônica Leal sobre o episódio.
— Recebi a ligação de uma senhora indignada com a exposição, eu fiquei surpresa e fui conferir. Havia charges ofensivas como a do presidente dos Estados Unidos defecando em uma placa onde dizia Embaixada do Brasil e do presidente Bolsonaro lambendo a botina do presidente Trump e a cadeira presidencial vazia com um penico embaixo — afirmou.
A vereadora relatou à coluna que a solicitação para realização da exposição foi feita pelo vereador Marcelo Sgarbossa (PT), através do sistema SEI (processo eletrônico). Entretanto, segundo ela, a justificativa não trouxe detalhes sobre o conteúdo da mostra. Mônica acrescenta que o pedido se referia a uma exposição denominada “Rir é Risco” e esclarece que o ofício e não caracterizava o "real espírito da exposição".
— O espaço da Câmara Municipal de Porto Alegre é destinado para exposições de arte, memória e história. O respeito, bom senso e a razoabilidade são princípios básicos que devem orientar o poder público e não podem ser deixados de lado. É importante dizer que a Câmara Municipal não tem curadoria para analisar exposições e, por isso, a decisão é da presidência — disse.
A coluna também quis saber da vereadora a avaliação dela sobre a acusação de "censura" vinda por parte de artistas cujos trabalhos estavam expostos na Câmara. Ela rebateu:
— Hoje, o exercício da liberdade de expressão, um importante direito que a democracia conquistou, está banalizado. Esse direito não exime as pessoas de suas responsabilidades. Um local público é de todos. É preciso ter respeito, prudência e coerência. Infelizmente vivemos a época do sem limite e do tudo pode — declarou.