Os primeiros meses de governo de Jair Bolsonaro foram avaliados nesta sexta-feira (17) pelo filósofo Luiz Felipe Pondé, em entrevista ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha. Ao fazer uma leitura sobre as manifestações de estudantes da última quarta-feira, Pondé reiterou que os cortes aplicados em universidades não são exclusividade da gestão do capitão, mas também ocorreram nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT). Ele ainda fez questão de observar que a "desestabilização da economia" veio bem antes de Bolsonaro assumir o Palácio do Planalto. Entretanto, o filósofo teceu críticas à condução política atual, especialmente pelo "despreparo" do atual chefe do Poder Executivo.
— O governo Bolsonaro tem espantado a todo mundo pela sua incompetência em todos os níveis. Começando pela economia. É preciso dizer que a desestabilização da economia veio antes do governo Bolsonaro. O governo não consegue dar estabilidade para que a máquina ande, ele não consegue conversar com o Legislativo — afirmou.
Na avaliação de Pondé, o presidente precisa adotar postura mais séria e condizente com a de um chefe de Estado, na discussão de temas relevantes para o desenvolvimento do país. Ele também teceu críticas à interferência dos filhos de Bolsonaro no governo.
— Eu fico com a impressão de que o Bolsonaro e os filhos não entenderam que não estão na varanda fazendo churrasco. Acho que eles entenderam que estão na Barra da Tijuca, fazendo churrasco, e com os amigos, aí xinga um, outro, manda buscar uma cerveja. Isso até pode ter funcionado na campanha por identificação, mas a ideia de que um presidente ganhe a eleição como um homem comum, não pode ser confundida com a ideia de que um homem comum pode ser Presidente da República. Isso não pode, pois na política se faz acordo com quem não gosta, "com quem você não concorda". A política não é tomar cerveja com quem você gosta, é fazer acordo com quem você não concorda — interpretou.
Ouça a entrevista completa de Luiz Felipe Pondé ao programa Gaúcha Mais: