Andressa Urach ganhou os holofotes em mais de uma fase de sua vida. Na nova, que ela diz ter iniciado após ter chegado perto da morte depois de uma internação hospitalar, ela foi parar nas manchetes da editoria de Política. O motivo: Andressa foi nomeada assessora parlamentar da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. A nomeação gerou uma série de comentários e ofensas nas redes sociais, que ela diz entender, sem mágoas:
— Hoje, estou em paz comigo mesma e não tenho mais a necessidade de provar nada pra ninguém. Eu também já fui uma dessas pessoas que julgam — disse, em conversa que durou quase uma hora. O papo começou durante o Timeline, da Rádio Gaúcha, e se estendeu para uma transmissão em GaúchaZH.
A entrevista tinha como objetivo explicar sua nova função do Parlamento Gaúcho. Como assessora da comissão, ela será responsável por acolher pessoas que procuram a Assembleia em busca de ajuda, já que tem experiência nesse tipo de atividade. Para os desavisados, depois que se converteu (ela é evangélica e diz amar a Igreja Universal), Andressa iniciou um trabalho de acolhimento de mulheres vítimas de abuso e violência e percorre o país dando palestrar sobre como "curou seus vícios". Ela contou ter visitado, nesse período, quase todas as penitenciárias femininas no Rio Grande do Sul.
— Mudei minha vida faz quatro anos e nesses quatro anos eu busco ajudar as pessoas. Dia desses encontrei uma moça que disse que meu testemunho a salvou. Ela estava no semi aberto quando ouviu uma palestra minha. Aquilo me emocionou. Não tem dinheiro que pague — lembrou.
Andressa se emocionou em mais de um momento da entrevista. Ao lembrar da mãe biológica que, não tendo condições de criar a filha, deu a criança para que outra mulher fosse responsável por ela. O pai, segundo ela, a rejeitou logo do nascimento, porque ela era "muito escura" e, portanto, não poderia ser filha dele. Na 'nova família', foi abusada pelo avô de criação, dos seis aos oito anos de idade.
— O abuso sexual roubou a minha infância. Na época, eu era uma criança. Ele me ameaçava caso eu contasse (para a mãe) — lembrou.
Durante a entrevista, ela citou outros períodos difíceis: o vício em cocaína, a prostituição, o relacionamento com chefes do tráfico.
— Esses tempos, vi a notícia de que um ex-namorado meu morreu com 70 tiros de fuzil, em São Paulo. Eu poderia estar naquela vida. Deus me salvou — contou.
Andressa Urach credita a 'grande virada' da sua vida ao momento em que esteve internada no Hospital Conceição, em Porto Alegre. Ela conta uma experiência sobrenatural, de ter sentido sua alma fora do corpo. No hospital, chegou a ficar em coma por três dias, por complicações causadas por uma aplicação (feita cinco anos antes) de um produto conhecido como hidrogel. A intenção era tornar as pernas mais fortes e atraentes, algo que segundo ela era importante para sua atividade profissional, à época.
— Em 2014, eu passei por uma infecção generalizada. Lá, eu tive que dar valor a minha respiração. Foram três dias em coma. Eu tinha buracos na minha perna. Ali, eu morri. E uma nova Andressa nasceu. Por isso, o nome do livro: Morri para Viver. Todo ser humano merece uma segunda chance — sentenciou.