Enganou-se quem imaginava que a primeira entrevista coletiva do governador Eduardo Leite (PSDB) a respeito dos salários do funcionalismo no mês de janeiro traria algum alento para os servidores do Poder Executivo. Pelo contrário.
Com franqueza de quem detém conhecimento aprofundado dos números esmiuçados em um telão no Palácio Piratini, o tucano reiterou a intenção, anunciada durante a campanha, de retomar o pagamento dos servidores em dia "o mais rápido possível". Deixou claro, porém que a promessa não será cumprida nos meses que se avizinham. (Veja aqui como será o pagamento em janeiro)
O motivo? Um cenário - exposto, observe-se, reiteradas vezes durante os quatro anos de gestão de José Ivo Sartori - de caos nas contas públicas do Rio Grande do Sul. Para se ter uma idéia, o panorama apresentado em entrevista coletiva nesta quinta-feira (31) no segundo andar do Palácio Piratini prevê um rombo que pode chegar a R$ 43 bilhões ao longo dos quatro anos de mandato. Isso se consideradas as despesas que já projetam um déficit estrutural significativo anualmente (R$ 7 bilhões) e despesas que ainda não estão colocadas, mas podem se abater sobre o Tesouro do Estado a qualquer momento (mais R$ 15 bilhões) - como por exemplo no caso de ser derrubada a liminar que suspende o pagamento da dívida com a União.
Ao servidor do Poder Executivo, que há mais de ano agoniza com salários parcelados, um único alento: o Piratini se esforçará para trazer, a cada último dia útil, um calendário que contemple as datas para os depósito referentes a cada faixa salarial. O governador afirmou que, na interpretação, dele este é "o mínimo de respeito" que a administração pública poderá oferecer no momento. E ao apresentar a intenção de previsibilidade (com calendário de pagamento), alfinetou o governo anterior:
- Isso não acontecia (no governo Sartori). O Estado apenas anunciava que naquele dia tinha depositado - disse.