Retido após discussão com o ministro do STF Ricardo Lewandowski durante um voo de São Paulo para Brasília, o advogado Cristiano Caiado de Acioli, de 39 anos, conversou com a coluna nesta quarta-feira (5). Acioli disse que resolveu interpelar o ministro porque é um brasileiro que "ama muito" o seu país. O advogado afirmou estar "em choque" com o tratamento recebido — ele foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal em Brasília após o desembarque.
— Resolvi fazer um desagravo pessoal. E fiquei em choque porque tive cerceada a minha liberdade de ir e vir exatamente por quem deveria ser guardião da Constituição. Nenhum brasileiro deveria passar pelo que passei. Mandar levar um contribuinte sem qualquer crime é inadmissível, é indigno — afirmou à coluna.
O vídeo (assista abaixo) em que Cristiano aparece abordando o ministro Ricardo Lewandowski viralizou nas redes sociais na terça-feira (4). Nas imagens, o advogado, sentado na primeira fila do avião, chama por Lewandowski, que mexia no celular na mesma fileira, e diz: "Ministro Lewandowski, o Supremo é uma vergonha, viu? Eu tenho vergonha de ser brasileiro quando vejo vocês".
Para o advogado, o ministro agiu de forma "ditatorial".
— A toga pesou demais ali. Ele é uma pessoa pública, que se coloca em frente às câmeras. Então ele deveria estar aberto a ser interpelado, nada mais natural— disse.
À coluna, o advogado afirmou que nunca foi candidato a cargo político, apenas tentou se eleger conselheiro da OAB no Distrito Federal. Ressaltou que nunca havia interpelado outra autoridade, mas que esteve próximo ao ministro Gilmar Mendes, em almoço, anos atrás, em Brasília.
— Cheguei a passar perto da mesa dele, mas fiquei com medo. Eu estava usando uma camiseta do delegado Protógenes (Queiroz, que foi responsável pela Operação Satiagraha e depois foi eleito deputado federal). Me limitei a dar umas duas voltas, mas não fiz nada — disse.
Cristiano Caiado é advogado e possui registro na OAB-DF. Em redes sociais, fez postagens simpáticas ao presidente eleito, Jair Bolsonaro.