Vice-presidente eleito, o general Hamilton Mourão tem um argumento especial para defender a presença do juiz federal Sergio Moro como ministro de Jair Bolsonaro. Para além do trabalho de Moro no combate à corrupção — o juiz é o responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, em Curitiba —, Mourão acredita que a escolha por Moro reforçará junto à sociedade a percepção de que o governo está comprometido com valores democráticos.
A escolha por um magistrado, neste caso, derrubaria as acusações de que o futuro governo é autoritário e antidemocrático.
— A figura e a pessoa do doutor Sergio Moro passa, tanto para o País, quanto para a comunidade internacional, o compromisso do governo com o Estado democrático de direito — disse, em entrevista à Rádio Gaúcha.
O tema tem sido presente nas entrevistas de Mourão à imprensa. Recentemente, à rede BBC, o vice-presidente eleito reforçou que o governo Bolsonaro não será autoritário e disse que haverá respeito à Constituição e às instituições. Ao Jornal Nacional, o então candidato Bolsonaro chegou a dizer que, eleito, seria um "escravo da Constituição" de 1988. No dia seguinte à vitória no segundo turno, o presidente eleito reforçou a postura:
— Temos uma Constituição que tem que ser realmente a nossa bíblia aqui na Terra. E respeitá-la, porque só dessa maneira podemos conviver em harmonia — afirmou ao ser questionado pelo jornalista William Bonner.