Aclamada pela crítica internacional, a autora argentina Dolores Reyes desembarca pela primeira vez no Brasil para participar da 70ª Feira do Livro de Porto Alegre nesta sexta-feira (15). A autora está no centro de uma polêmica em Buenos Aires.
A controvérsia tem semelhanças com o caso de Jeferson Tenório no Rio Grande do Sul.
Lá, o chefe da Direção Geral de Cultura e Educação da província, Alberto Sileoni, foi criticado pela distribuição a escolas da região de livros com trechos envolvendo sexo. Entre eles, está Cometierra, assinado por Dolores (e que será autografado na capital gaúcha).
Sileoni chegou a ser denunciado à Justiça e foi criticado pela vice-presidente da República, Victoria Villarruel, por selecionar obras por ela classificadas como “degradantes e imorais ”. Em resposta, ele disse à imprensa argentina que a escolha foi “cuidadosa”, que não houve erros e chamou os críticos de “hipócritas”.
- São ferramentas para bibliotecas e professores. Ninguém é obrigado a lê-los e não são para crianças. Se há livros que têm temas políticos, passagens sexuais ou linguagem obscena, estes não são para o ensino secundário básico, mas para o orientado, desde 16 a 19 anos - disse Sileoni ao jornal La Nacion.
Em Porto Alegre, Dolores vai autografar a versão traduzida da obra em questão, que aqui ganhou o título de Cometerra (Moinhos, 168 páginas). O livro foi descrito como “um dos melhores livros do ano” por críticos do New York Times, El País e El Mundo.
Além da sessão de autógrafos, ela participará da mesa Horror no cotidiano - Literatura contemporânea, ao lado da escritora Verena Cavalcante. O bate-papo terá mediação da gaúcha Irka Barrios, no dia 15 de novembro, às 15h30min, no Espaço Força e Luz - Auditório Barbosa Lessa (Rua dos Andradas, 1.223).
As três vão conversar sobre o impacto do horror cotidiano, presente em suas obras por meio de histórias comuns, mas que revelam uma camada realista de terror.