Neste 20 de setembro, apresento uma história de renovação da tradição no Acampamento Farroupilha de Porto Alegre. Eu estava caminhando no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (também conhecido como Harmonia), nesta semana, quando um barbudo de boina me abordou.
— Oi! Tu precisas conhecer meu piquete! — disse ele, assim mesmo, meio de supetão.
— Por quê? — perguntei, achando graça da situação inusitada.
— Porque eu e a minha mulher somos os patrões mais jovens do acampamento, temos 32 anos, e estamos inovando — respondeu ele, sorrindo.
Pronto, me convenceu.
Eduardo Baldasso e Danielle Mattos, que atuam na área da cultura e são donos de dois bares na Capital, resolveram fazer algo diferente no Piquete Tio João, batizado em homenagem a um querido familiar que se foi (cujas cinzas foram espalhadas ali).
O lugar (instalado nos lotes 146 e 147) ganhou painéis de led, lâmpadas amarelas e lamparinas, folhagens e decoração rústica com um toque contemporâneo.
— O pessoal até pega no nosso pé, de brincadeira, dizendo que parece a Rua Coberta de Gramado, por causa do visual e dos pelegos nas cadeiras — conta Danielle, dando risada.
A turma das antigas pode até torcer o nariz para os traços mais sofisticados e charmosos do local, mas o fato é que o piquete tem atraído visitantes de uma nova geração, que vê o regionalismo de um outro jeito.
— A gente tentou aliar tradição e inovação em todos os detalhes e oferecer um espaço aberto para quem quiser vir — diz Baldasso.
Eu, que sou “gaúcha de apartamento”, adorei a ideia, não só pela ousadia dos patrões e pelo conceito por trás do madeirame, mas pela receptividade e abertura do casal.
Ali, garante a dupla, todo o mundo é bem-vindo. É só levar a carne, que eles arranjam um lugar na churrasqueira e na mesa, enfeitada, claro, com um ramo de flor.