Segue reverberando a polêmica pela derrubada de um guapuruvu para a construção de um condomínio no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Em meados de junho, moradores da vizinhança (que inclui a família do escritor Luis Fernando Verissimo) protestaram contra o corte da arvore. Agora, a controvérsia ganhou um novo capítulo.
É que a construtora Plaenge decidiu adotar a Praça Mafalda Verissimo, que leva o nome da mãe de LFV e fica nas proximidades, com a intenção de fazer melhorias no local (veja a nota da empresa abaixo). Parte da comunidade não gostou e promoveu nova manifestação. O ato ocorreu no último fim de semana.
Nesta segunda-feira (1º), procurei Lucia Verissimo, companheira de LFV, para saber o que a família pensa sobre o assunto.
— Nós não temos absolutamente nada a ver com isso. Não foi um pedido nosso nem fomos consultados — limitou-se a dizer a matriarca.
Fernanda Verissimo, filha do casal, escreveu um texto a respeito da adoção, que foi encaminhado a vizinhos. O texto diz o seguinte:
"Gostaríamos de deixar claro que não temos qualquer envolvimento com o acordo firmado entre a prefeitura de Porto Alegre e a construtora Plaenge para a adoção da Praça Mafalda Verissimo.
São muitas as praças do bairro que precisam da atenção do poder público, com ou sem a participação de empresas privadas. Depois da justa revolta dos moradores pela remoção de um guapuruvu e de outras árvores, a adoção da pequena Praça Mafalda Verissimo pela Plaenge nos parece uma acanhada ação de marketing para tentar minimizar um erro enorme."
A derrubada do guapuruvu — espécie nativa da Mata Atlântida que, neste caso, tinha mais de 30 anos e a altura de um prédio — ocorreu dentro da lei, com compensação ambiental prevista e autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Na ocasião, a Plaenge informou, por meio de nota, que a medida havia sido tomada por questões de segurança (para "proteger a comunidade do entorno" de uma possível queda), mas não foi o suficiente para acalmar vizinhos. Muitos consideraram o ato "injustificável".
— Era uma árvore imensa, linda, elegante. Lembro dela desde que viemos morar aqui no bairro, em 1966. É uma lástima o que aconteceu — lamentou Lucia, quando a questionei sobre o assunto no último dia 13.
O que diz a construtora
Procurada pela coluna, a construtora Plaenge enviou a seguinte nota sobre a adoção da praça:
"A Plaenge está bastante motivada por ter adotado a Praça Mafalda Verissimo em conjunto com a Escolinha Ser Criança. A proposta de adoção partiu da prefeita da praça, Caroline Ávila, que procurava há muito tempo uma empresa que pudesse assumir os cuidados com o espaço.
Em abril, a Plaenge se comprometeu com a adoção. Sempre que possível, faz parte da política da empresa – atuante há mais de cinco décadas em diversas cidades brasileiras – adotar praças e outros equipamentos públicos no entorno de seus empreendimentos.
Temos convicção de que podemos contribuir para que a Praça Mafalda Verissimo possa ser um lugar ainda mais aprazível do que já é."