A mobilização de Ijuí pela construção de um centro de tratamento do câncer infantil na região deu mais um passo. No início de junho, uma comitiva do Hospital de Clínicas do município (HCI) foi até São Paulo conversar com o escritor e desenhista Maurício de Sousa, pai da Turma da Mônica, para convidá-lo a ser padrinho do projeto. Ele aceitou na hora.
Em fase de captação de recursos, o centro - que terá a maior parte do atendimento via SUS - vai se chamar Hospital do Câncer Infantil Maurício de Sousa. Além disso, a ideia é usar a obra do autor para ilustrar o prédio (quartos, corredores, UTI, brinquedoteca, etc.).
— É uma homenagem a um dos maiores desenhistas do Brasil. Ele ficou muito feliz. Queremos levar a parte lúdica da Turma da Mônica para a estrutura, ajudando a amenizar o sofrimento das crianças internadas — diz o presidente do HCI, Douglas Prestes Uggeri, à frente da mobilização.
A comitiva aproveitou a viagem para conhecer o Instituto de Tratamento do Câncer Infantil, ligado ao Hospital de Clínicas da USP, e o as dependências do Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer (Graacc).
A expectativa é de lançar a pedra fundamental da obra no fim deste ano e iniciar a construção do novo centro - estimada em R$ 30 milhões - no começo de 2024, junto ao HCI.
O projeto
Hoje, as crianças doentes e seus familiares precisam se deslocar cerca de 170 quilômetros até o Centro Oncológico Infantojuvenil do Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, ou, dependendo do caso, percorrer 400 quilômetros até Porto Alegre.
O projeto do Hospital do Câncer Infantil de Ijuí nasceu para mudar isso. Será o primeiro da região voltado exclusivamente ao tratamento de meninos e meninas acometidos pela doença.
Estão previstos 20 leitos de internação para pacientes de zero a 18 anos, 10 leitos de UTI pediátrica (outra carência regional), uma unidade de infusão (para quimioterapia) e um andar inteiro para as famílias, um dos grandes diferenciais, além dos cuidados lúdicos (espaços especialmente pensados para as crianças). No caso do andar específico para os parentes dos enfermos, a intenção é ter sala de estar, quartos, cozinha, tudo para que as famílias possam acompanhar o tratamento de perto.
O financiamento da obra, segundo os idealizadores, contará com o auxílio do Ministério da Saúde e da bancada gaúcha no Congresso, entre outros apoiadores, incluindo governo do Estado e doações da iniciativa privada.