A mobilização da comunidade de Ijuí pela construção de um centro de tratamento do câncer infantil na região deu um novo passo. Desde o fim de 2023, o projeto ganhou "uma cara", área definida e detalhes que prometem fazer a diferença - como a previsão de um andar inteiro dedicado a receber as famílias dos pacientes.
A ideia é construir o prédio junto ao Hospital de Clínicas do município (HCI), aproveitando parte da estrutura da instituição - referência em saúde de alta complexidade para 285 municípios gaúchos, com 79% dos atendimentos via SUS. Com isso, o valor inicial previsto da obra, estimado em R$ 80 milhões, deve cair para cerca de R$ 30 milhões.
Hoje, as crianças doentes e seus familiares precisam se deslocar cerca de 170 quilômetros até a unidade de oncologia pediátrica do Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, ou, dependendo do caso, percorrer 400 quilômetros até Porto Alegre.
O projeto do Hospital do Câncer Infantil de Ijuí nasceu para mudar isso. Se der certo, será o primeiro da região voltado exclusivamente ao tratamento de meninos e meninas acometidos pela doença, e o melhor: a intenção é priorizar o SUS.
— Estamos muito otimistas. Em 2023, visitamos uma série de municípios da região para saber se havia interesse. Fomos a locais como Bossoroca, Entre Ijuís, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo e recebemos 100% de apoio dos prefeitos — diz o médico Douglas Uggeri, presidente do HCI, que lidera o movimento.
Serão 20 leitos de internação para pacientes de zero a 18 anos, 10 leitos de UTI pediátrica (outra carência regional), uma unidade de infusão (para quimioterapia) e um andar inteiro para as famílias, um dos grandes diferenciais, além dos cuidados lúdicos (espaços especialmente pensados para as crianças).
No caso do andar específico para os parentes dos enfermos, a intenção é ter sala de estar, quartos, cozinha, tudo para que as famílias possam acompanhar o tratamento de perto.
— Isso é fundamental. Se a criança tem um ano, por exemplo, a presença da mãe é vital. Não existe tratamento sem ela — explica Uggeri.
Em fevereiro, o movimento planeja fazer a apresentação oficial da proposta aos deputados da bancada gaúcha em Brasília, em busca de adesão. O objetivo é pedir aos parlamentares que incluam o projeto nas emendas da bancada de 2025 (a decisão é tomada sempre em outubro do ano anterior, no caso, 2024).
— Se tivermos o apoio dos deputados, acredito que o restante podemos conseguir com a União. A meta é iniciar a obra em 2025 e concluir em 2027 ou 2028, no máximo — projeta Uggeri.