“Pedestrianização” é um palavrão, literalmente. E está “na moda”. Em cidades da Europa e dos Estados Unidos, avança o debate sobre qual deve ser, afinal, o espaço que cabe a pedestres e a veículos nas áreas urbanas, com a balança pendendo a favor de caminhantes e ciclistas.
A pergunta é: quem deve ter prioridade?
Paris, na França, decidiu limitar o espaço destinado aos carros grandes. Em fevereiro, um referendo realizado pela prefeitura aprovou, por maioria (54,55%), uma medida, digamos, não muito simpática aos SUVs (sigla em inglês para “veículos utilitários esportivos”). Ficou decidido que esses modelos mais robustos – quando conduzidos por não residentes – passarão a pagar três vezes mais para estacionar na capital francesa.
Dependendo do caso, isso pode significar 18 euros por hora, algo próximo de R$100. Ou seja: vai doer no bolso.
Paris também já havia decidido cobrar estacionamento de motos e adotar uma série de restrições ao tráfego em dezenas de vias, incluindo o fechamento de áreas às margens do rio Sena para os motoristas. Além disso, desde 2020, foram criados cerca de 80 quilômetros de ciclovias.
Óbvio que as medidas são polêmicas. Outras cidades já tentaram adotar ações semelhantes, no que se pode chamar de “pedestrianização” forçada, e travaram em resistências. No caso parisiense, o percentual de votantes no plebiscito não chegou a 6% da população, o que só amplia a controvérsia.
Por aqui, onde ainda falta o básico do básico e a “carrodependência” é a regra, estamos a anos-luz desse tipo de debate, mas é bom prestar atenção: um dia, talvez mais rápido do que se imagine, a discussão vai chegar aqui. De que lado você está?