Ele está mais perto do que a gente imagina. Não se restringe aos grotões nem às periferias. O Aedes aegypti pode estar aí, zunindo ao seu lado, esteja você num condomínio de luxo ou num casebre de madeira. O transmissor da dengue é democrático. E não tem preconceitos.
Fui picada por um deles, dias atrás. Senti a fisgada no braço esquerdo e, instintivamente, reagi com um tapa. O mosquito pintado de preto e branco tombou morto. Olhei mais de perto e comparei com fotos de reportagens de GZH. Era um deles, com certeza. E agora?
Nem todo Aedes causa a doença, mas a gente vive uma epidemia, então, é o risco é alto. Já são oito mortes e mais de 15,6 mil notificações no Rio Grande do Sul, nesta terça-feira (27).
Para que a dengue ocorra, segundo o Instituto Oswaldo Cruz, são necessários três componentes: o vírus (existem quatro tipos), o mosquito que transmite o vírus (chamado de vetor) e uma pessoa suscetível (que nunca tenha tido contato com o tipo de vírus carregado pelo vetor).
A “dona” Aedes (sim, só as fêmeas picam, para amadurecer os ovos) se infecta quando suga o sangue de alguém doente. Entre 10 e 12 dias depois, ela se torna “infectiva”. Aí, você já sabe.
Os primeiros sinais da dengue aparecem, em média, de quatro a 10 dias depois da picada, em geral com um febrão daqueles.
Meus últimos 10 dias foram de atenção redobrada - e de certa ansiedade: "Peguei ou não peguei?", eis a questão. Não tive sintomas. Tive sorte.
Outras 6,7 mil pessoas no Estado já receberam a confirmação e 5 mil aguardam o resultado de exames. Faltam vacinas, com produção ainda limitada, e falta prevenção.
Sabemos quais são os cuidados a tomar, mas, não raro, delegamos as responsabilidades. É mais fácil achar que a “culpa” é o outro. Nem sempre é assim. O nosso quintal pode ser um nascedouro. O vaso de flores na sua sacada, também. Eliminar os focos de mosquito é uma obrigação de todos.