A força-tarefa da Secretaria Estadual da Saúde (SES) que atua no combate à dengue no noroeste do RS elabora um plano de ação contra o avanço do mosquito Aedes aegypti na região, que tem os índices mais altos de transmissão da doença no RS.
O plano divide as ações em dois eixos, de vigilância e assistência em saúde, para os quais foram criados grupos de trabalhos específicos, e deverá ser enviado ao Ministério da Saúde para solicitação de apoio e recursos.
De acordo com a prefeitura de Tenente Portela, que tem o maior número de casos confirmados no RS, o município já dispõe de um plano de contingência de combate à dengue que serve como base para a elaboração do plano de ação construído em parceria com o Estado.
A cidade de 14,5 mil habitantes soma 1.294 casos confirmados da doença, conforme painel de monitoramento da SES atualizado nesta sexta-feira (23). O número equivale a 19% do total de casos confirmados no RS, que chega a 6.776. Das seis mortes no RS, três foram em Tenente Portela.
O diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Marcelo Vallandro, destacou a importância da conscientização para reverter o cenário do município:
— A população precisa participar junto do poder público para eliminar os criadouros e evitar que o vetor se desenvolva. Também temos as ações de educação em saúde e a estruturação da rede para acolher os casos, e essa movimentação precisa ser feita com a sociedade — disse.
O que prevê o novo plano de contingência
No novo plano de contingência contra a dengue organizado pelo governo do RS, há dois eixos principais: vigilância e assistência em saúde. Saiba o que prevê cada um deles:
Vigilância
- convocar a comunidade para o engajamento num grande mutirão de eliminação de criadouros como caixas d’água e pequenos depósitos em ação através da mídia;
- avaliar a possibilidade de notificação pública coletiva para eliminação das caixas d’água não utilizadas para consumo humano;
- utilizar larvicida;
- ampliar equipes;
- reforçar a capacitação das equipe na aplicação das técnicas de controle vetorial.
Assistência em saúde
- aumentar a capacidade de atendimento na atenção primária;
- organizar o alinhamento de fluxos na rede de saúde, de acordo com o risco;
- orientar o fluxo de atendimento para a população indígena;
- orientar para a formação profissionais;
- acessar e disponibilizar exames laboratoriais e resultados em tempo oportuno;
- avaliar a criação de espaço para hidratação e observação de pacientes conforme o sintoma.
Tenente Portela em alerta
Nos postos de saúde de Tenente Portela, o movimento é intenso. Pessoas buscam os locais com diagnóstico confirmado ou sintomas da doença. Só no Hospital Santo Antônio, 11 pessoas estão internadas com dengue, entre elas um bebê recém-nascido.
— Em geral, são pacientes desidratados, que não conseguem fazer sua hidratação em casa devido a vômito, diarreia, mal estar em geral, e acabam internando pra fazer hidratação endovenosa e acompanhamento diário dos exames de laboratório — relata a enfermeira Regina Reggior.
No pronto-socorro do hospital, a procura por atendimento aumentou 50% em fevereiro na comparação com janeiro de 2024. A maioria dos pacientes apresenta sintomas de dengue enquanto outros aguardam pelo diagnóstico.
— O que chama a atenção é a procura de pacientes de municípios do entorno, como Redentora e Miraguaí. Os pacientes têm vindo procurar o serviço com sintomas para fechar diagnóstico. Ou seja, não é mais só Tenente Portela que está demandando serviços — detalha.
Por causa da alta de casos, o município discute a possibilidade da instalação de uma central de atendimento à população, a exemplo do que foi feito na pandemia para atender os casos de covid-19.
— Estamos estudando e, dentro da viabilidade financeira, técnica e legal, pretendemos colocar (essa ideia) em prática — disse o secretário de administração de Tenente Portela, Paulo Farias.
Atualmente, o município conta com quatro agentes de endemia. Contudo, apenas dois estão em atividade depois que um encerrou o contrato e o outro está afastado por razões de saúde. Por isso, agentes comunitários de saúde foram convocados para reforçar as ações de fiscalização. Assim, hoje são 25 profissionais em campo. O trabalho funciona de forma integrada e cada servidor realiza suas atribuições.
Ainda atuam no combate à dengue na cidade dois fiscais sanitários e dois ambientais. Segundo Farias, o número de agentes de endemias está em conformidade com os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que define que este é o mínimo para cidades do porte de Tenente Portela.
— Como o município não apresentava índices de infestação do mosquito, o número estava dentro dos parâmetros. Mas haja vista a situação do momento, e levando em conta as duas baixas, é um tema que nos preocupa e está entre as nossas prioridades na questão da dengue — comenta.