Mario Quintana, nosso poeta maior, certa vez escreveu sobre o ser misterioso para quem todos nós, escribas, dedicamos a vida. Quintana saiu-se com esta pérola: “O leitor que mais admiro”, confidenciou ele, “é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria”.
O homem era mesmo genial. Até para definir um bom leitor, Quintana fazia graça. E é isso: a gente gosta de quem lê e não só viaja conosco, mas vai além.
Todos os dias, recebo dezenas de mensagens. Algumas delicadas e gentis, inclusive com sugestões que eu jamais havia imaginado. Há os que escrevem para elogiar, fazer comentários ou tecer críticas construtivas — leio todas, embora nem sempre consiga respondê-las.
Há, também, os “haters”. Você sabe, aqueles tipos raivosos que surgiram com a ascensão das redes sociais. Usam palavras para ferir, em letras maiúsculas e, geralmente, com um misto de soberba e erros de português.
É para todos (inclusive os raivosos, vai que mudem de ideia) que trabalhamos todos os dias aqui na redação de GZH. Aliás, desde que me tornei colunista (completei dois anos no dia 1º), escrevo como nunca. Não passo um dia sem dedilhar o teclado.
Sempre há esta página em branco diante de mim e tudo o que isso representa. Escrever é um desafio, uma alegria, um sofrimento e um vício, assim mesmo, tudo junto, “entre tapas e beijos”, como diz aquela canção. Nem sempre é fácil, mas é sempre instigante e recompensador.
Há dias em que acordo e não sei o que virá pela frente. Há dias, confesso, em que preferia estar bebendo uma caipirinha à beira-mar, mas aí eu lembro de quem está aí, do outro lado.
“Os verdadeiros analfabetos”, ensinou Quintana (sempre ele!), “são os que aprenderam a ler e não leem”. Se você chegou até aqui, receba o meu singelo agradecimento. Neste domingo (7), celebramos o Dia do Leitor. Nada mais justo, do que esta homenagem.