A polêmica envolvendo veranistas de Remanso, em Xangri-lá, no Litoral Norte, a respeito da proliferação de gazebos de condomínios à beira-mar não se limita, nem de longe, ao Rio Grande do Sul. Na Grécia, o debate tornou-se tão sério em 2023 que gerou até protestos e reação das autoridades.
No último verão europeu, em agosto do ano passado, os gregos se revoltaram contra a onipresença das tendas e espreguiçadeiras para turistas - o contexto é diferente do nosso, mas, ainda assim, vale relembrar.
Lá, empreendimentos na costa são obrigados deixar ao menos 50% da superfície da praia livre para garantir o acesso de qualquer pessoa às ondas. Só que isso não vinha sendo respeitado.
Como naquela região as áreas praianas são menores do que aqui, a coisa é mais problemática. Pressionadas pelos moradores, que exigiam livre acesso ao mar, as autoridades passaram a endurecer a fiscalização para garantir um lugar ao sol a todos e conter o avanço das estruturas. Um dos focos foi a famosa ilha de Paros, onde o lema das manifestações foi algo como “tomar a praia de volta”. Dureza.
No Brasil, já houve casos de decisões judiciais federais restringindo demarcações e determinando a desobstrução do acesso a praias.
O problema, a meu ver, são os excessos. Condomínios, quiosques, hotéis e outros empreendimentos não podem ser jogados no mesmo caldeirão com a pecha de “vilões”. Há casos e casos, sem contar que eles geram empregos, movimentam a economia e oferecem serviços dos quais usufruímos - afinal, quem não gosta de se refestelar à mesa do quiosque de praia, com os pés na areia?
No fundo, tudo passa por uma questão de bom senso, que é o que preconizam os veranistas de Remanso com quem conversei. Se todo mundo agir assim, não vai faltar espaço.
O assunto foi pauta no Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, desta sexta-feira (5):