A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Em uma longa jornada, que teve início em 1999, Jotape Pax, 39 anos, faz parte da segunda geração de grafiteiros que moldaram a arte urbana de Porto Alegre. Quando começou, aos 17 anos, o contato com nomes como Luis Flavio Trampo e Matheus Green, expoentes da arte de rua da Capital, impulsionou o interesse de Jotape pelas intervenções que mostravam a contracultura punk rock que dava a Porto Alegre os primeiros contornos da nova identidade cultural da cidade.
Foi participando de algumas edições do Fórum Social Mundial, em 2001 e 2005, que Jotape começou, de forma autodidata, a fazer intervenções artísticas pelas ruas. Mas a insegurança e a marginalização do grafite à época acabaram fazendo com que o artista buscasse no mercado da comunicação seu sustento.
Funcionou por um tempo. Pax produziu ilustrações para grandes marcas como Sprite e Positivo, mas decidiu, em 2008, que precisava ir ao mundo e ver de perto o que já havia sido produzido e o que começava a fervilhar na cena artística.
A partir daí, o passaporte ganhou muitos carimbos: Chile, França, Espanha, Grécia, Tailândia, Cingapura, Itália, Indonésia e Estados Unidos foram alguns dos destinos do artista:
— Eu viajava pelo menos uma vez por ano para respirar aquilo. Coloquei na minha cabeça que eu seria o primeiro artista da família — conta Pax.
E foi. Jotape deixou um pouco da sua arte em cada país que visitou, organizou exposições, pintou uma empena de 17 andares no centro de Bogotá, na Colômbia, apoiou outros grafiteiros que conheceu no caminho e agora, após seis anos desde sua última exposição individual em Porto Alegre, retorna com Entre Erros e Acertos no dia 14 de dezembro, na Galeria Pax Pop Up. A entrada é franca, a partir das 19h.
A galeria itinerante, aliás, é projeto do artista e já ocupou diferentes pontos da cidade. Agora, a mostra encerra o período de oito meses em que operou no 4º Distrito.
— É uma síntese de tudo que eu passei e como meu trabalho amadureceu — conta Jotape.
Totalmente imerso na criação, Pax planeja explorar novos formatos de expressão, como instalações e esculturas, além de falar com felicidade sobre o papel que desempenhará na próxima Bienal do Mercosul:
— Ser membro da diretoria da Bienal do Mercosul é um reconhecimento oficial da minha trajetória, é uma forma de valorização da arte urbana.