O governador Eduardo Leite deu um passo importante, nesta segunda-feira (23), com o lançamento do programa ProClima 2050, que prevê uma série de medidas relacionadas ao aquecimento global e a suas consequências devastadoras. Leite também confirmou a criação do gabinete de crise climática, formado, entre outros atores, por um conselho científico de notáveis, replicando o modelo adotado durante a pandemia - e sugerido pela coluna em setembro.
Ainda que muito do que foi dito não dependa apenas do governo, o anúncio foi um compromisso público de Estado, que, de largada, merece aplausos por reconhecer os alertas da ciência e por não dar ouvidos ao negacionismo climático - só isso, cá entre nós, já é um avanço em tempos de desinformação reinante. O desafio será a execução do plano.
Para que as propostas saiam do papel, será preciso contar com a adesão da iniciativa privada e das forças econômicas (sem isso, não há plano que se sustente), da academia e da sociedade civil, dos municípios e de seus representantes. Esse é o grande nó a desamarrar, o principal gargalo a ser superado daqui para frente.
O ProClima 2050 prevê ações de resiliência e adaptação, de transição energética, de redução dos gases de efeito estufa e de educação ambiental e conscientização até 2050. Para fazer isso, o Estado firmou parceria com uma instituição internacional chamada ICLEI, que tem sede na Alemanha e reúne governos locais dispostos a adotar medidas de sustentabilidade, oferecendo consultoria técnica. Já são 2,5 mil gestões em mais de 130 países.
Com o contrato assinado nesta segunda-feira, de R$ 1,5 milhão, a entidade vai emprestar sua expertise ao Estado, pelos próximos três anos, para ajudar a tornar os compromissos palpáveis. Mesmo que a natureza não "respeite fronteiras" e que eventos extremos sigam ocorrendo, é responsabilidade de todos os governos - locais, regionais e nacionais - fazer alguma coisa pelo clima no planeta. A luta é inglória, difícil e complexa, mas precisa começar de alguma forma, em algum lugar.