Em meados de setembro, fiz um apelo ao governador Eduardo Leite para que repetisse, no caso da emergência climática, a fórmula adotada pelo Estado durante a pandemia - quando o governo gaúcho deu exemplo para o Brasil ao chamar cientistas à mesa e formar um comitê de dados. Em entrevista na manhã desta quarta-feira (4) à Rádio Gaúcha, Leite confirmou a decisão de criar um gabinete de crise permanente com apoio científico externo.
A estrutura e a forma de atuação do órgão serão detalhadas em decreto publicado nos próximos dias. Depois da série devastadora de eventos extremos que enfrentamos em menos de três meses, a medida não poderia ser mais correta. É hora de ouvir o maior número possível de cientistas.
Em meio à eclosão do coronavírus, especialistas de mais 40 instituições - incluindo 13 universidades - passaram a orientar as ações do Estado na gestão da crise. Isso fez toda a diferença no momento em que ainda não sabíamos ao certo como lidar com o vírus.
Agora, embora a reviravolta do clima seja algo completamente diferente, a decisão do governador também pode - e deve - ajudar na busca de soluções de curto, médio e longo prazos e de medidas preventivas (como diques, zoneamentos de risco, sistemas de alerta, novos equipamentos para previsão do tempo, manutenção de aparelhos avariados e o que mais surgir).
Até quem insiste em negar o aquecimento global e suas consequências já admite o novo "(a)normal climático" - que, de "normal", não tem nada. São dezenas de mortes desde julho, cidades inteiras destruídas, perdas irreparáveis e um trabalho absurdo para recuperar os estragos. E está só começando.
Temos alguns dos mais qualificados hidrólogos, climatologistas e meteorologistas do país. Muitos deles já estão na Sala de Situação e orientam as ações do governo, mas os reforços serão bem-vindos. Muito bem-vindos.