O aquecimento global não só é uma realidade, como as consequências do fenômeno provocado pela ação humana estão aí, na nossa cara. Precisamos, sim, tomar atitudes urgentes diante da emergência climática, em todos os níveis. Dito isso, não acredito que a mudança de rumo que tanto necessitamos virá pela força, pela judicialização ou por medidas impostas por governos.
A luta é, muito mais, de persuasão. A sociedade precisa se convencer, coletivamente, de que o atual modelo de desenvolvimento já não serve mais e de que é necessário rever velhos hábitos - do combustível fóssil que nos move ao consumismo inconsequente. Convencimento é a palavra-chave.
Compreendo a decisão de três entidades de defesa do meio ambiente que buscam, pela via judicial, a decretação de estado de emergência climática no Rio Grande do Sul. Além do decreto, que poderia ter efeitos práticos como facilitar o acesso a recursos para atender as consequências do mau tempo, os ambientalistas pedem a imposição de uma série de medidas aos governos estadual e federal.
A ação civil pública, sem dúvida, tem o mérito de ampliar o debate sobre o tema. As pessoas precisam "acordar" para a discussão e se apropriar dela, até mesmo para cobrar posturas mais contundentes das autoridades.
É evidente que os governos de Eduardo Leite e de Lula, ainda que não sejam negacionistas climáticos e que venham reforçando ações e investimentos na área ambiental (nunca se falou tanto disso, aliás), precisam avançar mais e mais rápido na área. O mesmo vale para prefeitos e prefeitas, chefes de poderes e órgãos, legisladores municipais, estaduais e federais, afinal, estamos todos no mesmo barco - prestes a afundar.
Só que, enquanto a sociedade como um todo ou ao menos a maior parte dela, com poder de decisão, não compreender e abraçar a causa, sinto muito ser pessimista: não vai adiantar.