Há mais de duas décadas, Santiago del Estero, conhecida como “la madre de las ciudades”, no norte da Argentina, reverbera o som sincopado do tambor em uma caminhada única no mundo.
Neste ano, a 21º Marcha de los Bombos reuniu, no último fim de semana, nada menos do que 20 mil pessoas, a maioria delas músicos, incluindo o gaúcho Ernesto Fagundes. O grupo percorreu sete quilômetros com os instrumentos em punho para celebrar os 470 anos do município - não por acaso, berço do bombo e da chacarera.
— Foi minha primeira vez na marcha e foi lindo demais. A gente sente a força da integração latino-americana. Vi crianças com “bombinhos”, senhoras, cadeirantes, gente de todas as cores e idades caminhando juntas, irmanadas — conta Ernesto, que participou do evento a convite da Fundação Pátio, do luthier Índio Froilán, e do Instituto Nacional de Promoção Turística da Argentina (Inprotur).
Fagundes e Froilán se conheceram em 2010, quando o gaúcho gravou um documentário sobre as origens do bombo na América Latina. Na ocasião, Ernesto esteve em Santiago, onde o luthier mantém sua oficina.
Produzido a partir de troncos ocos (em geral corticeiras) e revestido com pele curtida de animais, o bombo leguero faz parte da cultura platina. Reza a lenda que ganhou esse nome porque pode ser ouvido “a léguas de distância”.