Dessa vez, não foi por falta de aviso. Há dias, diferentes institutos advertem para a ação de mais um ciclone sobre o território do Rio Grande do Sul. A Defesa Civil emitiu comunicados, e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chegou a enviar alerta vermelho para risco de temporal, em especial na Região Metropolitana, no Litoral Norte e em parte da Serra, e o que vemos na manchete de GZH, na manhã desta sexta-feira (16)?
Mais uma vez, gente sendo retirada às pressas de casas alagadas, aulas sendo canceladas em cima da hora e veículos e pessoas arrastados pela correnteza. Isso que o mau tempo começou na quinta-feira (15). Não, não foi por falta de aviso.
De nada adianta melhorarmos nossos sistemas de alerta, se, antes de desabar o céu em mais uma tempestade prevista com antecedência, a vida corre como se nada disso existisse. Se havia riscos, por que as autoridades não agiram de forma preventiva? Por que as pessoas não foram retiradas antes de áreas de risco? Por que motoristas insistiram em pegar a estrada?
Nem sempre a engrenagem da prevenção depende apenas dos gestores públicos, porque, em grande parte dos casos, os moradores de áreas ameaçadas (aquelas que todos sabemos que serão atingidas a cada chuvarada) se negam a deixar suas residências enquanto não estiver "caindo o mundo" - às vezes, a resistência persiste mesmo quando o mundo já está desabando. O problema é mais complexo do que parece.
Falta educação, para que as pessoas compreendam os riscos e aceitem as medidas de precaução, mas também falta agilidade e, principalmente, planejamento. As aulas, por exemplo, já poderiam ter sido canceladas com antecedência em muitas escolas, evitando desencontros e informações repassadas às pressas.
Ainda temos muito a aprender sobre prevenção, não só no Rio Grande do Sul, mas no Brasil como um todo. E é bom que seja rápido, porque as mudanças climáticas estão aí, e suas consequências serão cada vez mais graves. O El Niño chegou e chegou com tudo.