2022 foi um ano e tanto. Testemunhamos o horror da guerra outra vez, nos dividimos e nos desentendemos por causa de política, vimos a classificação à semifinal da Copa escapar em quatro inacreditáveis minutos.
Perdemos Pelé, Gal, Erasmo Carlos, Davi Coimbra, Bebeto Alves e tanta gente boa. Até Jô Soares nos deixou, com seu humor elegante e inteligente, que faz tanta falta - e nada tem a ver com as piadas de mau gosto que vemos por aí.
Teve o bicentenário da independência do Brasil e teve gente de verde e amarelo acampada diante dos quartéis, pedindo intervenção militar. Em uma das eleições mais conturbadas dos últimos anos, Jair Bolsonaro perdeu, Lula ganhou e o país segue em chamas. Teve até um governador reeleito no Rio Grande do Sul, quem diria.
Por aqui, supostos “ovnis” nos obrigaram a olhar para cima, em Porto Alegre, onde o céu foi iluminado por luzes misteriosas e repentinas. A humanidade, aliás, nunca foi tão longe no espaço. O telescópio James Webb, da Nasa, voou longe e captou detalhes jamais vistos do universo, presenteando os cientistas com pistas valiosas sobre a origem da vida na Terra.
Enquanto isso, aqui embaixo, a fome pegou, o censo não terminou, o 5G chegou, o pix se tornou moeda corrente e Anitta... bem, Anitta conquistou o mundo, atingindo o topo das paradas internacionais e ganhando prêmios.
E o golaço de Richarlyson, hein? De voleio! Lindo!
Sim, teve de tudo em 2022. Os 80 anos de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento foram um bálsamo. Até Paul McCartney, o eterno beatle, “oitentou” neste ano de tantos reveses, e a Rainha Elizabeth II, que parecia imortal, partiu para outra dimensão.
Tudo isso em meio a ondas de frio e calor extremos, com inundações, nevascas e estiagens. A emergência climática - que, segundo alguns, é pura invenção - deu um murro na nossa cara.
A covid seguiu entre nós, em suas mais diversas variantes, e varíola de macacos apresentou suas credenciais.
Sim, eu sei: você deve estar pensando que teve muito mais do que isso. Vai me enviar um longo e-mail apontando tudo o que faltou nessa tentativa natimorta de síntese. Vai dizer que fui parcial.
Pois é. Acho que, depois de 20 anos de jornalismo diário, sempre como repórter (que, por dever de ofício, não se posiciona), aprendi, aos trancos e barrancos, ao longo do ano que passou, a escrever textos com pitadas de opinião, algo novo para mim.
Sim, em 2022, eu me tornei colunista. Nunca pensei que o seria. Foi uma revolução na minha carreira, uma oportunidade profissional incrível, em uma empresa que admiro e onde tenho orgulho de trabalhar.
Com ajuda da Raíssa de Avila, editora assistente, e do Caio Cigana, meu interino, tentei trazer assuntos diferentes à pauta, jogar luzes sobre gente bacana, contar histórias inspiradoras e oferecer - sempre que possível - alguma leveza. Jornalismo é isso também. Sei que não acertei sempre, mas espero que você tenha gostado.
Em 2023, começa tudo outra vez. Que seja um bom ano para o país e que nós, brasileiros, voltemos a nos entender e a respeitar as diferenças, porque elas sempre existirão. É assim que tem de ser.