Maria Isabel Barroso Salgado, a Isabel do vôlei, foi mais do que uma atleta extraordinária. A ex-jogadora, que morreu aos 62 anos e está sendo velada nesta quinta-feira (17), no Rio de Janeiro, quebrou paradigmas. Isabel foi uma pioneira, em muitos sentidos.
Ela integrou a primeira equipe olímpica do voleibol feminino do Brasil, em Moscou, nos jogos de 1980, foi a primeira brasileira da modalidade a atuar no Exterior e ainda abriu caminho para as gerações de ouro do vôlei de praia.
Mas não é sobre isso que quero falar. Para além das conquistas esportivas, Isabel provou que era possível ser mãe e atleta ao mesmo tempo.
Ao longo de uma década, nos anos 80, conciliou grandes competições com três gestações - isso depois de já ter disputado um mundial com a primogênita a tiracolo, em 1978. Sofreu preconceito, sim, mas não só seguiu em frente como se tornou referência, serviu de inspiração a outras mulheres (e ainda adotou um filho adolescente mais tarde, além dos quatro biológicos).
Ela foi, também, uma voz poderosa dentro e fora das quadras. Certa vez, em um jogo entre Brasil e Japão, em São Paulo, a torcida insultou as jogadoras adversárias. Indignada, Isabel tomou o microfone e, diante de 15 mil pessoas, pediu respeito. Simples assim.
Ainda que parte dos fãs e seguidores discorde das posições políticas adotadas pela ex-jogadora nos últimos anos (com fortes críticas à gestão de Jair Bolsonaro, atuação no movimento Esporte pela Democracia e participação na equipe de transição do governo Lula), Isabel e sua contundência farão falta.