O jornalista Caio Cigana colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Hoje faz duas semanas que a primeira família afegã refugiada no Estado chegou a Santa Cruz do Sul, onde tenta recomeçar a vida longe do terror do Talibã. São duas primas, advogadas, com 34 e 27 anos, sendo que a mais velha tem um casal de filhos, de 15 e 14 anos. Enquanto tentam se adaptar, celebram pequenas conquistas. As suas identidades são omitidas por questão de segurança, devido ao temor de perseguição pelo regime que tomou o poder no Afeganistão depois da saída abrupta das tropas norte-americanas, no ano passado.
Após os primeiros dias em uma casa de passagem, ainda um pouco assustados com tantas novidades, na última quarta-feira se mudaram para um apartamento. A foto acima, com a bandeira do Afeganistão sobre a TV, na sala do novo lar, foi tirada por uma das advogadas. A semana que se inicia também promete ser repleta de emoções. Hoje, os dois adolescentes começam as aulas no Colégio Mauá, escola bilíngue da cidade. Ambos são fluentes em inglês e ganharam bolsas integrais.
Amanhã, as primas fazem uma entrevista de emprego em uma multinacional que tem negócios com países da região do Afeganistão, conta Ricardo Hermany, diretor de cursos especiais na Escola de Advocacia da OAB e professor da pós- graduação em Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul. Ele auxilia a família no processo de adaptação. O idioma seria um facilitador para as tratativas comerciais.
A OAB-RS, por meio da comissão de direitos humanos da entidade, trabalha para que outras cidades do Estado também possam receber refugiados. A família que está em Santa Cruz do Sul vai receber o equivalente a US$ 1,3 mil mensais por um ano e meio. Os recursos são repassados pela ONG Panahgah, que atua na recepção de refugiados. O dinheiro é oriundos de entidades privadas norte-americanas.
Livres de ameaças e perigos
A mãe dos dois adolescentes escreveu uma mensagem à coluna, agradecendo a recepção na cidade
“Assim que chegamos a Santa Cruz do Sul, encontramos muito apoio, acolhimento e dia após dia tudo foi melhorando. Temos um bom apartamento para morar. Meus filhos estão matriculados em uma escola muito boa. Eles não puderam continuar seus estudos no Afeganistão. Agora estão muito felizes. Agradecemos por todo o apoio que estamos recebendo de pessoas gentis daqui. O comportamento das pessoas e dos nossos amigos que nos ajudam no reassentamento é muito bom e amigável. Estamos felizes por começar uma vida normal, livres de ameaças e perigos. Agradecemos por tudo.”