A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Gaúchos descendentes de imigrantes estão enfrentando uma longa espera para obter a cidadania italiana. As queixas se avolumam. O Consulado Geral da Itália, na Capital, está para lá de devagar. Há uma reabertura gradativa e parcial após a fase mais difícil da pandemia, mas muito distante de atender a demanda. Existem casos de pessoas que esperam há seis anos pelo chamado para apresentar a documentação.
Ao fazer o primeiro contato, por e-mail, o requerente recebe um número de protocolo para ser convocado para mostrar seus papéis. Mas o último sortudo, do processo 13.400, foi chamado em 2019, de acordo com as informações disponíveis no site do consulado. Os agendamentos estão, no momento, suspensos. Mas novos pedidos continuam sendo realizados por esperançosos que aguardam sua vez de entregar a comprovação que, diga-se de passagem, não é simples (envolve a construção de uma árvore genealógica e a procura por documentos antigos que provem laço sanguíneo com italianos). Após a entrega dos documentos, o consulado dá prazo de 730 dias para responder se houve o reconhecimento ou a negativa do pedido.
O analista de desenvolvimento de produtos Everton Soares Pivotto já perdeu a noção de quanto tempo espera. Seu número de protocolo está na casa dos 17 mil. A advogada e professora de italiano Cindy Eliza Peixoto, que trabalha com esses processos, conta que seu mais recente protocolo, de setembro de 2019, é do número 21 mil. No caso da emissão de passaportes, só consegue quem alega urgência, por motivo de saúde ou trabalho. Se não se enquadrar nessas situações, apenas a partir de 2023.
A busca pela cidadania italiana tem aumentado, movida por razões como a busca por oportunidades profissionais, de estudo e a possibilidade de viver em um país mais seguro, além das incertezas econômicas do Brasil.
A representação local, no entanto, não dá vazão e parece “essere lento come una lumaca”.
A coluna tentou contato toda a semana com o consulado, sem sucesso.
Anota aí
Uma alternativa mais rápida é tentar por via judicial, com um pedido diretamente em um tribunal italiano. Apesar das dificuldades, Cindy conta que gosta de trabalhar na área e já vivenciou momentos emocionantes:
— O bacana em processos de cidadania é ter contato com as origens. É um exercício de resgate familiar.