Registrados no último domingo, quando o antigo prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) veio abaixo, em Porto Alegre, os dados de vibrações e ruídos causados pela implosão passam por análise minuciosa. A avaliação - essencial para verificar o impacto da detonação em estruturas vizinhas - deve ser concluída até o fim da próxima semana.
Por enquanto, o parecer inicial da empresa responsável - a Nitro, com sede na Capital - é positivo: nos três sensores já examinados (são 14) os dados ficaram dentro das normas técnicas. É uma boa notícia, porque demolições com barulho e tremor em excesso podem gerar trincas em edificações próximas. A tendência, segundo o engenheiro Enrique Munaretti, professor do Departamento de Minas da UFRGS e sócio da Nitro, é de que os resultados se repitam nos demais aparelhos.
— Foram seis meses de planejamento, com cinco empresas envolvidas e muita ciência por trás. A nós, coube o controle de danos. Buscamos uma nova tecnologia, que até então não havia sido usada em implosões no país — diz Munaretti.
Contratada pela FBI, que liderou toda a operação, acompanhada de perto pelo governador em exercício, Ranolfo Vieira Jr., a Nitro utilizou dois tipos de sensores: sismógrafos convencionais e equipamentos remotos com monitoramento sísmico via rádio - estes, fornecidos pela ITS-Solver, de São Paulo.
Os aparelhos foram espalhados junto ao prédio (os sensores remotos chegaram a ser enterrados, como mostra uma das fotos) e nos arredores (inclusive em um hotel). Essa configuração, segundo Munaretti, permitiu registros precisos e, no caso dos equipamentos via rádio, segurança redobrada para os profissionais envolvidos.
A SABER
Conforme Enrique Munaretti, que é doutor em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pela UFRGS e especialista em perfurações, explosivos e fragmentação, o único dano externo provocado pela implosão (com 200 quilos de explosivos) foi uma janela de vidro quebrada no prédio do Instituto-Geral de Perícias (IGP), ao lado da antiga SSP, sem consequências graves.