Pacientes com doenças cardíacas vinculados ao IPE Saúde - responsável pela assistência médica e hospitalar de mais de um milhão de pessoas, entre servidores estaduais, dependentes e pensionistas - vêm enfrentando dificuldades de atendimento. O problema, segundo a entidade, decorre da saída de 25 cirurgiões cardiovasculares da lista de credenciados desde dezembro de 2021. Conforme o IPE, de 74 especialistas até então cadastrados na lista, restaram 49, queda de 33,8%.
Por meio da assessoria de comunicação, o órgão informa que “não descredenciou cirurgiões cardiovasculares discricionariamente - o que houve é que médicos solicitaram o descredenciamento, e o IPE Saúde aceitou o pedido”. Em hospitais como a Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, não há, atualmente, nenhum cirurgião do tipo ligado ao plano.
Para orientar os pacientes, o IPE divulgará nos próximos dias, em seu site, a relação atualizada dos profissionais disponíveis. A situação preocupa - e com razão - quem mais precisa.
Entidades reclamam de "desrespeito"
Uma nota conjunta da Cooperativa de Trabalho dos Cirurgiões Cardiovasculares do Estado (CoopcárdioRS), da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) e do Sindicato Médico do RS (Simers) já alertava para o impasse no fim de janeiro.
Conforme o comunicado das entidades, “os valores pagos pelo IPE Saúde não cobrem sequer os custos para exercer a profissão”. A nota diz ainda que “o médico literalmente paga para trabalhar pelo IPE” e que, “quando ele resolve lutar pelos seus direitos, como qualquer cidadão trabalhador nesse país, se arrisca a ser mal interpretado”.
As entidades afirmam que “há mais de nove anos” vinham “tentando negociar” com o plano, sem êxito. Nesse período, “os cirurgiões continuaram atendendo pela remuneração aviltante, que hoje equivale à metade do valor do próprio SUS”.
Como não houve entendimento, os médicos “decidiram, individualmente, após notificar com meses de antecedência para evitar atropelos, não mais estarem vinculados” ao IPE.
O grupo garante que, apesar disso, “situações de emergência serão atendidas sem qualquer ressalva, como é usual na boa prática médica”.
As entidades alertam ainda para o fato de que a maioria dos profissionais que segue no IPE são de “cirurgia vascular periférica, e não cardíaca”, embora todos estejam inscritos na categoria de “cirurgia cardiovascular”.
Diálogo necessário
O que se espera, nesse caso, é que seja possível a busca de um consenso que garanta o melhor para todos - inclusive, é claro, para os pacientes.