Se ainda havia dúvidas de que os efeitos do aquecimento global chegaram para valer, as incertezas se dissiparam na fumaça das queimadas. Não é preciso nem mesmo “olhar para cima”, como sugere o filme de Leonardo DiCaprio, que trata da era sombria em que vivemos. As mudanças climáticas estão aí, por todos os lados.
O ano começou com ondas de calor incomuns, tempestades e estiagem severa, tudo isso depois de um 2021 prenhe de eventos extremos. O Observatório do Clima listou 21 fatos que deveriam ter sido suficientes para sacudir as autoridades e acordar a sociedade: seca no Brasil, incêndios no Mediterrâneo, 50ºC no Canadá, enchentes na Europa. E não vai parar aí.
Segundo o professor de Climatologia da UFRGS, Francisco Aquino, se não adotarmos medidas para reduzir a emissão de gases e priorizar a energia limpa, o impacto será cada vez pior - inclusive com o surgimento de novas doenças infecciosas, ainda piores do que o coronavírus. É isso o que queremos?
— Vivemos uma emergência climática. Precisamos agir e rápido — alerta o especialista.
Cada um de nós pode ajudar. Como? O consumo consciente é um bom começo. Isso não significa, segundo Aquino, deixar de ter carro ou ar condicionado, mas, sempre que possível, priorizar modelos menos agressivos ao meio ambiente.
Outro ponto para pensar: esse debate tem de ser levado em conta na hora de escolhermos nossos representantes nos governos e parlamentos. Do contrário, seguiremos regredindo.
— Precisamos ter pessoas preocupadas em fomentar cidades resilientes, com mais parques e áreas arborizadas, com mobilidade urbana menos poluente. Precisamos conter os desmatamentos, incentivar a separação de lixo e a reciclagem, as energias renováveis, como a solar e a eólica. Enfim, precisamos pensar e agir coletivamente — diz Aquino.
Aliás