Vim morar em Porto Alegre no fim dos anos de 1990. Como a maioria dos estudantes que, à época, deixavam o Interior para estudar na Capital, vivi durante anos na área central da cidade. Afeiçoei-me à região, mas, com o passar do tempo, decidi sair de lá, fugindo da insegurança crescente, da degradação e do abandono - eu e centenas de outras pessoas.
Hoje, observo com atenção - e uma ponta de esperança - a nova tentativa de revitalizar a área, tão maltratada por tanto tempo. Há um debate robusto no meio acadêmico sobre alternativas de recuperação. Não há consenso, como quase tudo na academia (e muito menos em relação às propostas da prefeitura), mas há um ponto sobre o qual parece não haver dúvidas: para requalificar a área, é preciso repovoar o Centro.
A lei sancionada ontem pelo prefeito Sebastião Melo - que cria o Polo Histórico, Cultural, Turístico, Gastronômico e de Lazer do Centro Histórico de Porto Alegre - abre novas perspectivas. A iniciativa faz parte do projeto Centro+, tocado pelo secretário Cezar Schirmer, que promete transformar a região.
A ideia do polo é a seguinte: oferecer isenção fiscal para estimular determinados tipos de negócios a ocuparem prédios construídos até 1960, de interesse histórico, artístico e cultural. Entre as possibilidades listadas, estão bistrôs, choperias, hostels e pousadas, escolas de teatro, de circo, dança, línguas e de música, cinemas, ateliers de moda e de arte, sebos, antiquários e empresas de tecnologia e de inovação.
São atividades que tendem a tornar a região mais atrativa e, de quebra, incentivar o cuidado com edificações hoje desvalorizadas. Tomara que surjam interessados.
ANOTA AÍ!
Quem quiser aderir à iniciativa, basta contatar a Secretaria Municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos pelo e-mail centromais@portoalegre.rs.gov.br. As propostas serão analisadas em até 30 dias, por uma comissão que decidirá se o empreendimento se enquadra na lei.