Presidente da Fundação Theatro São Pedro, em Porto Alegre, o professor Antonio Hohlfeldt foi um dos primeiros a examinar o manuscrito recém-descoberto de Mario Quintana, revelado com exclusividade pela coluna.
Ex-colega do poeta na redação do jornal Correio do Povo, Hohlfeldt foi procurado pelo livreiro George Augusto para ajudar a confirmar a autoria do texto e a dar um destino ao material - que seria adquirido, logo em seguida, pela Associação de Amigos da Biblioteca Pública do Estado.
— O livreiro me ligou dizendo que queria me mostrar uma coisa. Nos encontramos no teatro. Quando vi aquela letra, eu não tive a menor dúvida de que o poema era do Quintana. E o curioso é que ele chegou a publicar uma poesia com o mesmo título (Canção do primeiro do ano), mas com conteúdo diferente. Era, de fato, inédito — relata Hohlfeldt, que fez a ponte com a associação.
Essa história começou quando George - veterano no mercado de sebos - analisou o acervo comprado de uma importante família gaúcha. Ao separar os livros em lotes, deparou com uma obra de Quintana de 1960. Ao folheá-la, percebeu a presença de uma folha de papel dobrada entre as páginas, já amarelada. Para sua surpresa, eram versos inéditos do escritor gaúcho, redigidos à mão, assinados e datados de 1941.
— É uma poesia que não está em nenhuma publicação formal. Essa descoberta tem impacto nacional e nos dá uma alegria muito grande — destaca o presidente da Associação de Amigos da Biblioteca Pública do Estado, Gilberto Schwartsmann
O livreiro fez questão de que o documento ficasse no Rio Grande do Sul. Uma raridade dessas teria mercado fácil no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Que bom que deu certo.
Quem foi Quintana
Mario Quintana nasceu em Alegrete, em 1906 e, com 20 anos, mudou-se para Porto Alegre. Com clássicos como Sapato Florido, Esconderijos do tempo e Lili inventa o mundo, consagrou-se poeta do cotidiano e tornou-se um dos ícones da literatura brasileira. Morreu em 5 de maio de 1994, aos 87 anos.