Já escrevi outras vezes sobre Ana Paula da Silva, e sempre é uma nova surpresa. Ela está no âmbito da melhor MPB, só não é mais conhecida nacionalmente porque vive em Joinville. Agora em junho, por exemplo, ganhou em Brasília dois troféus no Prêmio Profissionais da Música (melhor cantora e compositora da Região Sul). Em Remanso, seu sétimo álbum, pela primeira vez faz um projeto só de voz e violão. Corajosa? Nada disso: é uma das maiores violonistas brasileiras, toca muito, com um colorido estilo rítmico. Canta muito também, voz linda, aberta, fluente. Tem personalidade e carisma.
Ana Paula diz que o álbum, criado durante a pandemia, “é um chamado da quietude, da escuta atenta”. Bisneta de negros e caboclos, suas canções refletem com originalidade essas raízes. São 12 faixas, metade dela e parceiros, ao lado de clássicos como Corrida de Jangada (Edu Lobo/Capinan) e Aos Pés da Cruz (Zé da Zilda/Marino Pinto), samba já gravado por meio mundo, que ela transforma em canção lenta. Tem também a folclórica Cantos dos Escravos X. Das dela, sobressaem-se Lavadeira, com sua filha Clara na percussão (“Ela não lavava roupa, ela lavava alma”, diz a letra) e as fortemente afro Canto Negro e Orum Ayê. Independente
Monica Tomasi direto da Alemanha
Acabou a espera por um novo álbum da cantora, compositora e violonista gaúcha Monica Tomasi. Dez anos depois do anterior, o sexto, Algum Lugar, chega às plataformas digitais no próximo dia 8. Foi gravado entre Porto Alegre e Kaiserslautern, cidade alemã de 750 anos onde ela vive desde 2018. “O álbum fala sobre mudanças e transformações, sobre amor e esperança”, define. Os ritmos são variados. Começa com um chote, Tobogã. Depois vem um candombe, Essencial (trecho da letra: “Hoje a vida tá assim: se vive pra like”). Tem a pop Distopia, a suave canção Repara (parceria com Necka Ayala), o afro-samba Capoeira e até a recitada Refluxo, levada como um rap lento. O canto de Monica é leve, sem contrastes. Ao lado dela e seu violão estão Angelo Primon (guitarra, viola), Mário Carvalho (baixo) e Cris Gavazzoni (percussão). Show na Capital em outubro. Independente
Antena
HÁ UM TEMPÃO. Radicado no Rio de Janeiro, o violonista e bandolinista gaúcho Pedro Franco, 32 anos, acaba de lançar o segundo álbum autoral, Black Pantha. E manda ver, ao lado de um afiado grupo de músicos, em choro, samba, balada e até bolero, sempre no formato instrumental. Três convidados atestam a liderança do rapaz: o gaitista Gabriel Grossi, a multi-instrumentista Carol Panesi (violino, trompete, piano) e outro gaúcho que também conquistou o Rio, o acordeonista Bebê Kramer. Pedro já tocou com Bethânia, Gal, Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Yamandu e mais. Gravadora Biscoito Fino
COM PIXINGUINHA CANÇÃO, chega ao fim a série de quatro álbuns Pixinguinha Como Nunca, produzidos para marcar os 50 anos da morte do genial músico. Todos eles trazem composições inéditas, descobertas alguns anos atrás por seu neto Marcelo Vianna, que convidou o também músico e pesquisador Henrique Cazes para ajudá-lo a organizar o acervo. O álbum de agora é o mais “diferente”, pois as 12 composições receberam letras de gente como Arnaldo Antunes, Nei Lopes, Paulinho Moska, Moacyr Luz e outros, com intérpretes como Leila Pinheiro, Ana Costa e o próprio Cazes. Pura surpresa. Gravadora DeckDisc
CRIADA EM 2021 NOS EUA, pelo baixista brasileiro Diogo Brown, a big band Gafieira Rio Miami está lançando o primeiro álbum, Bring Back Samba. São 11 integrantes, sendo cinco brasileiros e os demais de Cuba, Venezuela e Estados Unidos. “Não existia nada parecido por aqui”, diz Diogo. É uma sonzeira mesmo, a partir de clássicos como Piston de Gafieira, Nó na Madeira, Deixa Isso pra Lá e A Rã. Com as participações especiais de João Donato (acho que uma de suas últimas gravações), Jair Oliveira, Vanessa Moreno, Moyseis Marques, Liz Rosa, Alfredo Del-Penho e Anat Cohen. Independente
Estes álbuns estão disponíveis nas plataformas digitais.