Durou pouco; mais precisamente, um ano e dois meses, o sonho de uma área ao lado do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho receber uma casa de cultura. Esse espaço de 12 mil metros quadrados fica ao lado da Câmara de Vereadores.
Depois de anunciar a contratação de um estudo para avaliar a construção de um espaço para "atividades culturais", a Fundação Cultural Pablo Komlós - criada em 2004 com o objetivo de viabilizar a construção de uma sede própria para a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) - anuncia a desistência do projeto. A área será devolvida para a prefeitura de Porto Alegre.
"Informamos que após análises iniciais, estamos decidindo pela devolução do terreno, pois a Fundação Pablo Komlós opta por focar e centrar esforços para melhorias constantes do atual Complexo da Casa da Ospa, e no apoio à temporada artística anual da orquestra. Entendemos que é desta forma que cumpriremos mais assertivamente os objetivos constantes no estatuto da Fundação, ou seja, apoiar a manutenção da Casa da Ospa e promover/apoiar espetáculos voltados para a divulgação da música de concerto", diz a fundação por meio de nota.
Em setembro do ano passado, havia, inclusive, a ideia de se aproveitar as fundações que já haviam sido construídas no terreno, quando o espaço ganharia uma sala sinfônica e uma concha acústica da Ospa.
"Com referência à situação do terreno, informamos que tratativas conjuntas da Fundação Pablo Komlós, Fundação Ospa e Secretaria de Planejamento e Gestão da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, resultaram na perspectiva de utilizar o terreno para atividades culturais, inclusive reaproveitando as fundações que chegaram a ser construídas. Desta forma, a Fundação Ospa está procedendo estudo de viabilidade para um possível espaço cultural no local", informava a nota divulgada em 2022.
A obra foi abandonada há nove anos. A construção começou a ocorrer ainda em 2012.
Devolução de dinheiro
Um convênio chegou a ser firmado entre o governo gaúcho e a União e previa investimento de R$ 23,86 milhões na obra, sendo R$ 19 milhões da União e R$ 4,77 milhões de contrapartida da Secretaria Estadual da Cultura. A obra foi anunciada em 2006, mas o único repasse da União ocorreu em julho de 2012: R$ 1,21 milhão.
A parte das fundações da obra foi executada pelas construtoras Serki e Epplan. Somente essa etapa custou R$ 477 mil. Porém, quando se chegou no momento de executar a construção do prédio, os trabalhos foram interrompidos.
A construtora Cisal, responsável pela parte final do projeto, alegou desajustes com o que havia sido feito até então. O governo gaúcho recusou a assinatura de um aditivo no valor de R$ 1 milhão e rompeu o contrato com a empresa, que ingressou na Justiça para receber os valores devidos. A segunda colocada da licitação, a Portonovo Empreendimentos, aceitou realizar essa parte da construção, o que acabou não acontecendo.
O contrato, então, chegou ao fim e o Ministério da Cidadania determinou que a integralidade do valor repassado fosse devolvido. Em março de 2020, o governo do Estado confirmou que devolveu R$ 2,13 milhões - em valores corrigidos - aos cofres da União.ospa
Casa da Ospa
Sem uma casa própria, a Ospa obteve um espaço no Centro Administrativo Fernando Ferrari. Nele foi construído um ambiente para as apresentações, com capacidade para 1,1 mil espectadores. O local foi inaugurado em 2018, e foi cedido por 30 anos.