A elevação do nível do Guaíba poderá trazer consequências até então não percebidas na Capital. As águas subiram consideravelmente e a previsão é de que o Rio Jacuí aumente ainda mais.
Em setembro, a régua que monitora o nível do Rio Jacuí, na Ilha da Pintada, chegou a 3 metros, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae). Na manhã desta segunda-feira (20), ele já estava em 2m50cm de altura.
Essa situação traz riscos para o trecho mais baixo da nova ponte do Guaíba, na região do Canal Furado Grande. Nem mesmo pequenas embarcações conseguem passar pelo local.
A elevação preocupa tanto, que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já estima que a água pode atingir a estrutura. Por causa disso, um planejamento está sendo discutido.
A avaliação dos técnicos é que a água até pode encostar na parte inferior da travessia, pois no local não há correnteza. Mas o bloqueio da pista, em ambos os sentidos, não é descartado.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também monitora a situação. Se a interdição ocorrer, o tráfego será todo desviado para antiga ponte até que a água escoe em direção ao Guaíba.
Erro na construção
Em 2022, uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) - órgão de controle interno do governo federal - apontou erros na obra da nova ponte, dentre eles, o trecho construído mais baixo na região do Canal Furado Grande. Em março de 2019, a Ecoplan Engenharia - contratada para fazer a supervisão da construção - comunicou o Dnit, avisando que o trecho fora construído 44 centímetros mais baixo do que havia sido exigido no edital.
Após a polêmica, o Dnit se justificou apresentando estudo da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs), do Instituto de Pesquisas Hidráulica (IPH) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Esse material destacava que a cota de cheia analisada para a nova ponte deveria ser a mesma de construções do Muro da Mauá e obras da Região Metropolitana. Porém, por exigência do edital, a altura da ponte deveria ser projetada levando-se em conta que poderia ser ultrapassada uma vez a cada 100 anos - bem menor que a cheia de 1941.
A CGU alertou que esse levantamento posterior se ateve a analisar as cheias ocorridas na região no passado. De acordo com a CGU, não foi emitido parecer sobre o uso da estrutura com a segurança ou se era adequado ao trecho da ponte objeto de debate.
Questionado sobre os riscos à estrutura, o Dnit respondeu para a CGU que não existia riscos. Porém, o órgão de controle alerta que "o fato de não existir nenhum risco identificado constitui indicativo da possibilidade de uma inadequada gestão dos riscos por parte da Autarquia, o qual redunda em aumento da exposição aos riscos provavelmente existentes, e não identificados".