Aproximadamente cem funcionários da construtora Queiroz Galvão foram avisados na manhã desta quarta-feira (22) que serão demitidos em 30 dias. O aviso prévio foi comunicado no dia em que eles voltavam das férias. Junto com os poucos trabalhadores das empresas que prestam serviço para a obra da nova ponte do Guaíba, eles seguirão no canteiro de obras da neste período.
Já um grupo de aproximadamente 80 pessoas que estava na obra foi informado que estão em férias a partir desta semana. O motivo, segundo os trabalhadores, é que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está com pagamentos em atraso.
A construtora ainda não se manifestou sobre o assunto. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada, Isabelino Garcia dos Santos informa que essa possibilidade já era esperada quando o grupo retornasse das férias.
O Ministério da Infraestrutura informa que os pagamentos estão em dia e que a liberação do tráfego na ponte vai ocorrer ainda em 2020 e que a decisão de demitir ou não é da empresa e pode estar relacionada com o próprio processo de desmobilização da empresa.
O Dnit vai notificar a construtora para esclarecer sobre a manutenção do cronograma e a garantia de que essa desmobilização não vai afetá-lo. Na notificação, a autarquia vai questionar se efetivamente houve desmobilização e o motivo.
O que a coluna conseguiu apurar é que não procede a informação do Ministério, de que os desligamentos são naturais. Por trás das demissões estaria a não aprovação de frentes de trabalho por parte do Dnit e que existem pendências contratuais entre as partes. E a notícia não pegou bem em Brasília. O tema é considerado um assunto interno da empresa e que foi associado ao Ministério, sendo que os pagamentos estariam em dia.
A assinatura do aviso-prévio e das férias para os trabalhadores ocorre quatro dias depois do Dnit ter divulgado que a nova ponte seria liberada ao tráfego ainda em 2020. Quase 90% dos serviços previstos para a travessia já foram realizados.
Apesar de prever a liberação, quando ela ocorrer, será parcial. Apenas as alças que não dependem da remoção das 500 famílias que ainda faltam ser removidas é que deverão ser concluídas. Dessa forma, quem está se deslocando de Eldorado do Sul para Gravataí, ou no sentido contrário, é que poderá passar pela estrutura. Também será possível se deslocar entre a Avenida Castello Branco e a zona sul do Estado, em ambos sentidos.
Em março, a obra ficou um dia parada por causa do combate ao coronavírus. Na ocasião, trabalhadores tiveram antecipação de férias.
Em maio de 2019, a construtora havia demitido 170 funcionários por causa da demora no reassentamento das famílias que precisam mudar de endereço para garantir a construção da nova ponte. Na ocasião, o Dnit informou que o número de operários estava sendo adequado conforme às frentes de trabalho.
Em agosto do mesmo ano, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, chegou a dizer que toda estrutura estaria pronta em abril de 2020. Três meses depois, o Dnit informou que a liberação seria parcial. Em março deste ano, a estimativa da autarquia divulgou que o uso da nova elevada ocorreria "ao longo do segundo semestre deste ano".
Com o adiamento do prazo para inauguração parcial, o Dnit mudou a previsão de término das obras. Antes, falava que os serviços seriam finalizados até dezembro deste ano. Agora, já informa que a obra ficará pronta em 2021.