Quem passa pela Avenida Farrapos com Avenida Ceará, na zona norte de Porto Alegre, vê a falta de atividade no local. As obras da trincheira da Ceará estão paradas. Não há falta de dinheiro. Não há empecilhos que poderiam esbarrar o andamento dos trabalhos.
A obra está parada porque não há o que fazer. Os trabalhadores deixaram a região em 20 de dezembro de 2019 e, mesmo com o fim do recesso de Ano-Novo, não mais voltaram para a construção.
A empresa Conpasul, responsável pelo contrato, está aguardando a chegada de cinco painéis que serão usados para acionar automaticamente as bombas que impedirão o alagamento na parte mais baixa da passagem de nível. Hoje, essas bombas já podem funcionar, desde que acionadas manualmente. Porém, o prefeito Nelson Marchezan já determinou que a obra será entregue quando estiver 100% pronta.
Os painéis só chegarão à obra em fevereiro. Enquanto isso, a única atividade que será vista na região será de seguranças que tentam impedir pichações e furtos de criminosos. Depois que os painéis forem instalados, a construtora irá realizar a instalação de placas de trânsito e irá fazer a sinalização da pista.
Mesmo assim, a obra não estará totalmente finalizada. Faltará ainda a colocação de uma tela nas paredes da trincheira. O material tem caráter apenas estético e esconderá o escorrimento de água que os canos deixaram à mostra.
Para que a tela seja instalada, a construtora aguarda a publicação de um novo aditivo, que é prometido desde outubro do ano passado. Depois de aprovado, a empresa já manifestou que precisaria de 30 dias para comprar, esperar a chegada e instalar o material na obra.
Dessa forma, e pelo ritmo dos trabalhos após sete anos de interrupções, desvios no trânsito e transtornos por quem passa na região, a trincheira não deverá ser aberta antes do Carnaval, que ocorrerá na última semana de fevereiro. Se isso acontecer, o prefeito terá que mudar de opinião e aceitar liberar a obra sem ela estar 100% concluída.
A construção já sofreu sete adiamentos desde 2016, quando deveria ser entregue. O contrato entre a prefeitura e a Conpasul estabelece o mês de março de 2020 como prazo final para conclusão dos trabalhos.
A obra está 99% finalizada. Projetada ao custo de R$ 29,5 milhões, a construção custou R$ 39,37 milhões aos cofres públicos. A ordem de início foi dada em dezembro de 2012, mas os desvios no trânsito iniciaram-se em fevereiro de 2013.