A maior parte dos clubes do Interior, que vai disputar o Gauchão 2020, já está disputando amistosos. Eles se preparam para o seu principal campeonato do ano. Se articulam para dar o máximo que conseguem neste período de janeiro e abril.
O mesmo deveria ocorrer com obra ao ar livre. A temporada de verão, historicamente, é a menos chuvosa no Rio Grande do Sul. Neste período, as construtoras conseguem produzir o que, por vezes, demoram o dobro do tempo na época do outono e do inverno. Entre outubro e novembro de 2019, a chuva esteve presente em mais de 20 dias e várias obras tiveram seus cronogramas ampliados por causa disso.
Mas o que nós vemos é exatamente o contrário. O sócio-fundador da consultoria MaxiQuim, João Luiz Zuñeda, passou pela duplicação da RS-118, entre Gravataí e Sapucaia do Sul, e não viu operários trabalhando. O mesmo cenário é visto na trincheira da Ceará e a nova ponte do Guaíba, em Porto Alegre. Já é costume que, neste período de Natal e Ano-Novo, os funcionários ganhem férias coletivas, exatamente no melhor momento para a realização das obras.
Teve uma época que o sindicato dos trabalhadores exigia este recesso. Entre 2010 e 2014, com a expansão das obras de infraestrutura, muitos operários vinham do Nordeste trabalhar no Rio Grande do Sul e este período do ano servia para os trabalhadores visitarem suas famílias. Porém, com a recessão este cenário mudou. A mão de obra tem sido mais local.
Por que então essa rotina se mantém? Por costume, por falta de organização, por comodismo, por desinteresse e, até mesmo, por desconhecimento. Não estou dizendo que seja exigido do operário que trabalhe nos dias 24, 25, 31 de dezembro e 1° de janeiro. Mas qual o motivo de não estar na obra nos demais dias?
Quando a obra tem interesse da iniciativa privada, por exemplo, o mesmo não é tão percebido. A CCR ViaSul, que administra a BR-101, freeway, BR-386 e Rodovia do Parque, não entrou em recesso. As obras seguiram e só foram interrompidas para não atrapalhar o deslocamento dos usuários destas rodovias.
Como todo regra, claro, há exceções. A revitalização do trecho três da orla do Guaíba não parou. Mas, neste caso, destaco aqui que as obras recém começaram e as empresas envolvidas têm o máximo interesse em começar a receber pelos serviços que estão realizando.
Voltando para o exemplo do futebol, precisamos ser mais profissionais e menos amadores. O verão é a Copa do Mundo das obras de infraestrutura ao ar livre. Se não aprendemos até agora, quem sabe seja plantada a semente para 2021. Chuva no outono e no inverno não deverá faltar.