A tragédia envolvendo as escolas de Aracruz, no Espírito Santo, é um alerta de que precisamos acabar com a cultura bélica alimentada pelo governo Bolsonaro e investir nossos esforços numa educação inclusiva, ética, cuja base seja a alteridade e o respeito às diferenças, com mais educação e incentivo à leitura.
Um governo que tem a arma como símbolo e marca de sua política certamente não está preocupado com a educação. O governo Bolsonaro não mediu esforços para facilitar o acesso da população às armas. Criou um clima de hostilidade com discursos de “metralhar comunistas”. Aliado a isso, infelizmente, importamos dos EUA as práticas terroristas de ataques às escolas. O que demonstra o quanto a sociedade adoeceu. Mais do que isso, revela o quanto crianças e adolescentes adoeceram.
Certamente a pandemia também contribuiu para que problemas psíquicos coletivos se intensificassem na população, inclusive nos mais jovens. Além disso, o ambiente político que se construiu, com direito a discursos de ódios, criou uma atmosfera propícia às manifestações homofóbicas, racistas, misóginas e classistas. Tivemos por quatro longos anos um governo que autorizou condutas fascistas e estimulou o armamento de civis sem precedentes.
Ora, que tipo de sociedade estamos construindo quando um revólver passar a ser mais importante que a cultura? A escola reflete o seu próprio tempo. Quando a sociedade vai mal, a escola também vai. Escola não é uma preparação para a vida. A escola é a própria vida. Por isso, a mudança de discurso no governo eleito será fundamental para que a educação volte a ser valorizada.
Lula se elegeu com o discurso de levar mais cultura, mais livros e mais educação para a população, principalmente para os mais carentes. Há também uma urgência em resolver questões como a fome no Brasil, por exemplo, que chegou à trágica marca de 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, ou, ainda, o desmantelamento das políticas de vacinação e de saúde pública.
Há muita coisa a ser reconstruída após quatro anos de destruição e ataques à democracia. Não será um governo fácil. Lula tem uma agenda de campanha que se comprometeu com a educação, ficaremos de olho. Cobraremos para que tenhamos políticas educacionais públicas inclusivas e que privilegiem a ciência, o conhecimento e o respeito às diferenças, para que cenas como as de Aracruz não se repitam. Menos armas, mais livros.